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Conferência revela formação como chave indispensável para o sucesso na exploração do gás

Martin Hutchison, director da Energy Ressources Consultancy, deu destaque ao aspecto da formação de quadros competentes, quando introduzia o tema que debateu “Os últimos desenvolvimentos no conteúdo local em Moçambique”. Martin assume a educação como “um investimento importante que dura toda a vida… uma necessidade de negócio e não apenas uma questão de vontade política”.

Natália Camba, do Instituto Nacional de Petróleos, citou a insuficiência de mão-de-obra qualificada e criação de competências como um dos pontos fracos em Moçambique, a par do número reduzido de empresas capazes de realizar negócios com os grandes projectos, deficiências tecnológicas, entre outras.

Na quarta-feira, outros intervenientes falaram da necessidade de adequar o modelo de formação do capital humano às necessidades da indústria de petróleo e gás, e ontem foi a vez do Governo repisar no assunto, num contexto em que o país parte com algum atraso, porque os investimentos já estão em curso e a produção e exportação de gás liquefeito deve arrancar dentro de pelo menos cinco anos.

“A formação de moçambicanos é importante para integrarem os vários projectos de gás, pois nós temos um grande défice na área de recursos humanos”, reconheceu o vice-ministro dos Recursos Minerais e Energia, Augusto Fernando.

“A este respeito, gostaríamos de reconhecer a cooperação por parte dos concessionários petrolíferos com as universidades e instituições governamentais ligadas à formação na área de hidrocarbonetos”, disse Augusto Fernando, ao discursar na abertura oficial da conferência, já esta quinta-feira, no seu segundo dia.

Oportunidades na área do gás

Augusto Fernando lembrou que, no sul do país, a produção de gás natural a partir dos jazigos de Pande e Temane, na província de Inhambane (iniciada em 2004 para exportação à África do Sul) tem vindo a aumentar significativamente e, em 2016, atingiu 194 milhões em Junho.

A maior parte do gás destina-se à produção de energia, complementação da central a gás de 400 megawatts, que será fundamental na matriz energética do país.

“Moçambique é um país que tem uma taxa de acesso abaixo de 30%. Significa que estes projectos vão contribuir na electrificação, pois há muitos projectos de energia que estão parados”, revelou Augusto Fernando, para quem “o gás natural que iremos produzir deverá constituir uma área fundamental para o real desenvolvimento de Moçambique, através da formação, capacitação do capital humano, criação de postos de trabalho, criação de oportunidade de negócio para as empresas de pequena escala nacionais, durante o processo da sua implementação”.

Fernando entende que as oportunidades promissoras têm que ser criadas não apenas para actividades mencionadas, mas especialmente para a implementação de uma indústria química e outras de uso intensivo do gás natural, para o futuro risonho do nosso país.

A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, braço do Governo na indústria extractiva, está mais preocupada com o conteúdo local e assegura que vai fazer uma mobilização ininterrupta, até que os resultados se façam sentir na economia moçambicana. “Estes projectos são de natureza transformativa, do ponto de vista do Produto Interno Bruto (PIB – valor de todos os bens e serviços produzidos na economia), do ponto de vista da redução das assimetrias regionais, de industrialização da economia e, no cômputo geral, do desenvolvimento económico do país. Levamos muito a sério a questão do conteúdo local”, referiu Omar Mithá.

O painel que fez a abertura oficial da 4ª Conferência de Gás discutiu o tema “visão para atrair investimentos e negócios em Moçambique”.

 Índia interessada no gás nacional

Índia e Moçambique acordaram na necessidade da exploração expedita das descobertas de gás natural na bacia do Rovuma, norte do país, no decurso de um encontro, em Maputo, entre o ministro do Petróleo da Índia e a ministra dos Recursos Minerais, informou a agência noticiosa Press Trust of India.

Em mensagem divulgada através da rede Twitter, o ministro indiano Dharmendra Pradhan, que se deslocou a Moçambique para participar na conferência internacional sobre gás natural, disse ter-se encontrado com a ministra Letícia Klemens, tendo acordado na necessidade de acelerar a exploração dos recursos existentes, nos quais as empresas indianas já investiram cerca de 6,5 mil milhões de dólares.

A ONGC Videsh Ltd (OVL), subsidiária do grupo Oil and Natural Gas Corp (ONGC) para os negócios no estrangeiro, detém uma participação de 16% no bloco Área 1, operado pelo grupo norte-americano Anadarko Petroleum (26,5%), o grupo Oil India Ltd (OIL) controla 4,0% e uma subsidiária do grupo Bharat Petroleum Corp Ltd (BPCL) detém 10%.

O bloco Área 1 abrange uma área de 10 mil quilómetros quadrados, tendo a prospecção concluída em 31 de Janeiro de 2015 resultado em cinco descobertas, com depósitos recuperáveis de gás natural de cerca de 60 biliões de pés cúbicos.

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