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Concurso público para construção de porto em Angoche poderá ser lançado em breve

Moçambique tem uma costa marítima com 2 700 quilómetros quadrados, além de vastas áreas ocupadas por águas interiores, com destaque para as bacias da Cahora Bassa e Lago Niassa.

Entretanto, a produção anual do sector de pescas ainda ronda apenas as 286 mil toneladas de pescado. Num contexto de elevada capacidade e fraca produção, o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas teve, ontem, no quarto dia da quinquagésima edição da Feira Internacional de Maputo, oportunidade para apresentar as potencialidades e oportunidades de investimento do sector. 

Os técnicos ligados ao sector falaram das vantagens competitivas do país nesta área, destacando os avanços que estão a ser registados na aquacultura, cujo desenvolvimento pode levar a economia a atingir uma produção anual de 220 mil toneladas de recursos marinhos, com destaque para lagostas e caranguejos. Mas o momento mais esperado era o debate sobre os factores que enfraquecem os investimentos no sector. 

“Quais são os projectos de infra-estruturas que o Ministério das Pescas tem com estudos de viabilidade feitos e que carecem de financiamento para a sua materialização” iniciou o debate, um dos participantes a partir da platéia. A questão era uma provocação para falar das dificuldades que os empresários da área têm, por exemplo em Nampula, para o escoamento de pescado. “Só a distância de Nampula-Angoche, que poderia ser feita em duas horas, está a ser feita em seis horas, devido à degradação da via de acesso com cerca de 180 quilómetros”, concluiu.

Esta foi uma oportunidade para o sector de planificação do Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas avançar com o projecto que tem em manga para o sector naquela região. 

“O estudo de viabilidade técnico-financeiro já feito, concluído e que vai nos permitir lançar o concurso, já prevê a construção de infra-estruturas para o escoamento do produto de Angoche para outros pontos. Que o porto sirva de ponte para captura de pescado, com especial enfoque para o atum que é uma das nossas prioridades”, explicou o técnico Castilho Comé. 

Mas o sector privado questionou a transparência nas decisões de investimento e exige maior envolvimento nos processos. “Um projecto desta invergadura deve ser levado a debate. Não dos 27 milhões de moçambicanos, mas para o debate da média dúzia de operadores que estão na pesca que é para fazer com que estes projectos possam andar”, pediu um dos empresários que participou no encontro. 

Mesmo não estando no painel, o ministro do pelouro teve de intervir e deu a voz final sobre a viabilidade do projecto. Alberto Mondlane diz que é preciso de tudo fazer para viabilizar o projecto de transformação do país numa referência de produção e exportação de atum. “Quando falamos da internacionalização da pesca, um dos desafios que nós temos está relacionado ao atum”, explicou o Ministro do Mar, Águas Interiores e Pescas.

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