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Comunidades sentem-se abandonadas pelas mineradoras

À margem do lançamento do nono relatório da ITIE, os representantes das comunidades onde operam projectos da indústria extractiva denunciaram abandono por parte destas companhias.

Num momento em que se tinha reservado um espaço para comentários sobre o relatório ora lançado, mas não foi para isso que os representantes das comunidades se levantaram. Entre as pessoas que levantaram estava um senhor, que não escondeu as suas intenções, que era reclamar daquilo que chama de sofrimento na zona de onde vem, que é Moatize, na província de Tete.

Lá está a explorar carvão mineral, a mineradora brasileira Vale. O cidadão afirma que a empresa colocou as aldeias de lado e não se preocupa em responder as suas expectativas, dando como exemplo as casas construídas, que, segundo ele, não são condignas.

“São casas que, antes mesmo de irmos lá viver, já tinham problemas de rachas até agora. Além disso, também temos problema de 50 famílias que até agora ainda não têm machambas”, sendo que era suposto ter, a luz do acordado no âmbito do projecto de reassentamento.

É das machambas que também as comunidades de Topuito, em Nampula, arredores da área de concessão da Kenmare, sentem falta e dizem-se enganadas pela firma.

“Prometeram uma área onde poderíamos ir capinar, mas não estamos a ver. Ano passado, desmaiaram duas famílias devido à fome”, contou uma senhora que representou as comunidades de Topuito.

Mas essa não é a reclamação. É que a comunidade de Topuito diz que as actividades da Kenmare, naquela parcela do país estão a dar cabo das suas fontes de rendimento.

“Hoje em dia não há pesca em Topuito, não temos agricultura em Topuito e, por fim, abateu todas as nossas plantas que tínhamos lá, através das quais nós sobrevivíamos e quando procuramos saber, eles dizemúnica r que compraram a terra do Governo”.

Já em Inhambane, a comunidade reclama que a Sasol não está a fazer nada em benefício dela. O cidadão que veio daquela província, a convite do Governo, revelou que a comunidade considera que a Sasol fez a reabilitação da Estrada Nacional Número 1, troço Pambara-Mangungumete, pensando nos seus trabalhadores, que vivem em Vilanculos.

“Se fosse por nós, seria conveniente de Pambara a Save porque os dois distritos são produtores de gás”.

Além desta, as comunidades reclamam que a gestão dos 2.75% das receitas que deviam ser usadas em benefício delas não está a ser transparente. O Ministro Dos Recursos Minerais e Energia diz já conhecer os problemas e assegura estar já a trabalhar junto das companhias que operam nestas áreas para melhorar os aspectos levantados pelas comunidades.

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