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Comunidade Mahometana de Maputo dividida e em tensão

A Comunidade Mahometana de Maputo vive um ambiente tenso. A direcção, além de ser acusada de semear divisionismo entre os membros, está fora de mandato há mais de dois anos, não presta contas e nega realizar eleições. O assunto já chegou ao Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.

É como dizer rezas à parte e eleições à parte. A Comunidade Mahometana anda agitada por estes dias e tudo se agudiza com a aproximação das eleições agendadas para as 20 horas da próxima sexta-feira. No escrutínio, há muito aguardado, serão eleitos novos órgãos sociais, incluindo o presidente, em substituição do actual, acusado de não ter pretensão de deixar o cargo.

Salim Omar, membro da comunidade desde 1985, é candidato à liderança da organização religiosa e das mais influentes no país. Suspeita haver riscos de o processo eleitoral ser manipulado pela actual direcção, que supostamente pretende perpetuar-se no poder.

“Há tentativas de bloquear a minha candidatura, mas eu penso que isso não é o problema. Eu acho que quem é jogador não pode ser árbitro, a actual direcção quer também jogar e quer arbitrar, então a minha maior preocupação é a transparência. Deve haver uma comissão independente eleitoral, outra para a revisão dos nossos estatutos, que têm 87 anos e é preciso revê-los. É necessário também trazer de volta um grande número de membros, filhos e netos dos fundadores que abandonaram a comunidade”, acusa Salim Omar.

Confrontado com as declarações de Salim Omar, o actual presidente da comunidade, cujo mandato expirou e é considerado ilegal, não quis pronunciar-se, tendo indicado o seu o secretário para tal.

Daudo Nuro apontou que as restrições devido à COVID-19 impediram a realização das eleições de acordo com o que está previsto nos estatutos.

“As eleições estão marcadas para o dia 20, próxima sexta-feira. Está marcada uma Assembleia-Geral com três pontos, nomeadamente aprovação de relatório e contas, aprovação de novos estatutos que estão em revisão e eleição de novos órgãos sociais”, disse Daudo Nuro.

O Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos está ao corrente do problema, por via de uma nota enviada à Direcção Nacional dos Assuntos Religiosos, através da qual se pede que ponha ordem na comunidade.

Contactada pelo jornal “O País”, a instituição prometeu pronunciar-se na próxima semana.

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