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Como escolher um mentor para orientar sua carreira profissional!

“Gerson, estás a dizer aqui neste artigo que temos de ter mentores para nos ajudarem nas nossas carreiras!  Mas, afinal de contas, o que é isso de mentores? Porque aqui na town agora, há muitos mafiosos a quererem se passar por intelectuais. Como podemos diferenciar esses tipos?” Este foi um dos feedbacks que recebi, do Gaspar Malik, com relação a um dos conselhos que dei, no último artigo, sobre a importância de ter mentores que nos ajudem nas nossas carreiras profissionais.

Mentores são “sábios conselheiros”, dotados de experiência, que servem de guias, estimulam, inspiram e nos orientam com ideias com vista a realização dos nossos projectos profissionais e/ou espirituais.

Eu creio que existam duas categorias de mentores, o primeiro grupo que pode orientar num domínio específico e outro pode orientar “sobre a vida”. Creio que a preocupação do Gaspar Malik está principalmente neste segundo grupo.

 

Como escolher mentores

Experiência do mentor é o elemento primordial a analisar e ponderar antes de escolher um. A vida têm  estações, tal qual um ano: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Isto quer dizer altos e baixos. E só quem passou por estas estações é que lhe pode falar sobre elas. Livros, experiências dos outros vão apenas dar-lhe ideias que lhe podem ajudar e orientar, no entanto, apenas as pessoas que realmente viveram certas situações tem legitimidade para falar na primeira pessoa. Existe uma enorme diferença entre “saber sobre algo” e “ter vivenciado certa realidade”. Só quem viveu pobreza pode lhe falar daquelas noites em que acorda esfomeado depois de ter sonhado a comer algo de bom, e se esforçar para voltar a dormir, porque sabe que só a meio do dia seguinte poderá comer um pão “sem nada” e água quente com açúcar para acompanhar. A experiência junta-se a idade, só a partir de uma certa idade é que nós podemos medir se alguém já passou por certas experiências profissionais e/ou da vida. Não me estou a contradizer com relação à minha filosofia sobre recrutamento, para recrutar uma pessoa para trabalho, a pessoa tem de ter talento, não experiência. E o talento pode ser demonstrado ainda muito jovem. No entanto, para orientar outras pessoas é preciso que o dito mentor tenha conhecimentos sólidos sobre a matéria em causa e ter passado, pessoalmente, por “algumas estações do ano”.

 

Não desista; se fizeres Z te garanto que terás Y; o sucesso é isto e mais aquilo

A alguns dias vi no Facebook, um post em que alguém dizia “A experiência transforma” e outro, em sua publicação, por sua vez, escreveu “A vida se resume na resolução de problemas”, ambos assinam e colocam suas fotos como quem diz, eu tenho algo a dizer. Sinceramente!!! Alguns até escrevem livros feitos apenas de compilação de ideias tiradas de livros de outros autores. Fico triste ao ver isto porque acredito no trabalho positivo que mentores exercem na vida dos demais, principalmente, mentores de vida, no entanto este grupo de gente descredibiliza esta disciplina e os verdadeiros mentores.

Muitos destes indivíduos que falam sobre sucesso não tem a mínima ideia do que é realmente sucesso. É verdade que cada um pode definir seus critérios mas há que ter bases e essas bases são, ou poderiam ser, na minha opinião, por exemplo: Ter uma profissão, ou fonte de rendimento (não mero emprego) que lhe permita pagar suas contas e ter um extra que possa beneficiar aos outros; Ter uma boa relação com família (não apenas ter filhos e mulher); Ter amigos (estou a falar de amigos que atravessam estações do seu lado); Espiritualidade (me refiro a seu propósito na vida, de que forma e até que ponto esta pré-disposto a servir o próximo durante a sua existência). Aqui não estamos a falar de ter muito dinheiro, casa, viajar, ter “amigos” falsos. Estamos a falar de ter um certo equilíbrio em cada um destes sectores como critério para definir sucesso.

Vamos lá agora pegar o exemplo de “um Samuel Gerson”, de apenas 40 anos e que ousa dizer a um terceiro “não desista” da vida. É bonito e talvez verdade, mas que legitimidade tenho eu para dizer algo parecido. Quantas estações já se passaram para poder falar “da vida” a quem quer que seja? Como posso falar de sucesso na vida se meus filhos tem apenas 10 e 12 anos, com estas idades (apenas) me obedecem, não sei se realmente me respeitam ou me têm como uma inspiração. Será que sou realmente um bom pai? Será que realmente estou a constituir uma família ou tenho apenas filhos? Como posso falar de sucesso profissional se estou ainda entre o plantio e pequenas colheitas. Como posso garantir que sou espiritualmente elevado se não posso ainda medir o impacto da minha vivência na vida das pessoas que amo (principalmente meus filhos)? Depois vem essa outra parte em que estes ditos mafiosos ousam dar garantias aos outros. “Se fizeres Z lhe garanto que terás Y”. Mesmo Jesus, profeta que foi, não deixava de (se) colocar questões. Quem somos nós para garantirmos algo aos outros? A vida não oferece garantias a ninguém e em circunstância alguma.

Um bom mentor, via de regra, têm uma boa qualidade de escuta, coloca várias e boas perguntas e consequentemente fala pouco; um bom mentor não lhe dita as decisões a tomar, lhe orienta para que tomes suas próprias decisões; um bom mentor não lhe faz cobrança; um bom mentor incentiva.

A vida ela se passa de maneira diferente para cada um de nós, para alguns ela não cria muitas complicações, para outros ela pode ser bastante “estúpida”. E por que ela é assim?  Porque é a vida. Apenas por isso. Eu acredito, que, em alguns casos, o que se passou com alguns pseudo mentores foi que a vida não lhes causou muitas dificuldades, acabaram acreditando que tal se deveu, simplesmente, ao seu mérito (sem querer lhes tirar o mérito dos seus esforços) e por isso que começam a escrever “dizeres”, sobre os quais muitas vezes eles mesmos ignoram a origem e/ou o racio, por detrás. Não leiam dizeres de pessoas sem legitimidade, mesmo se o que escrevem parecer verdade, sob pena de perderem interesse e não se sentirem estimulados quando realmente forem a precisar.  Espero que algumas destas dicas que aqui partilhamos possam  ajudar a selecionar um bom mentor. Eu disse um bom, mas aconselho a ter e manter alguns, não apenas um. Um Espiritual, outro no domínio profissional,um para questões emocionais e por aí em diante. Seja um bom estudante do que cada um deles lhe ensina e não um seguidor cego. EU ACREDITO EM NÓS.

Recomendação de livro para o mês de Janeiro 2022: Poder da Mente  – “Agostinho Levieque”

Samuel Gerson Andrisse

Especialista Internacional em Recrutamento

Presidente do Pelouro Diáspora da Associação Moçambicana de Empresas e Profissionais de Recursos Humanos – AMEPRH

Autor do livro “Be ready for your next job interview”

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