O País – A verdade como notícia

Com 50 concertos e uma homenagem a Maputo… Xiquitsi encerra temporada

A Temporada de Música Clássica chegou ao fim. O Xiquitsi encerrou sábado à noite, no Centro Cultural da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, depois de três séries que marcaram o ano, em Maio, Agosto e no mês em curso, com mais de 50 concertos realizados ao longo de 2017.

O último concerto da iniciativa realizada pela Associação Kulungwana, há quatro anos, teve a direcção do maestro português Cláudio Ferreira, artista com altas credenciais em termos de percurso musical e em termos de academia, não fosse o facto de possuir dois mestrados: um no curso de Pedagogia do Instrumento e outro em Teoria e Formação Musical. E o currículo de Ferreira não deixou margem para dúvidas no concerto. Como se impunha, a orquestra actuou ao mais alto nível, com emoção, traduzindo por via da música cada sentimento dos integrantes que se elevava com disciplina colectiva.

A Noite Clássica tal como o concerto de abertura desta série, valorizou a celebração dos 130 anos da cidade de Maputo, uma homenagem à capital do país que, na verdade, começou no início do ano, com o arranque da primeira série de concertos da temporada. Por isso, à imagem da primeira série, em particular no concerto de sábado, não faltou a interpretação da obra “Cidade menina”, música escrita por um dos maiores escritores de língua portuguesa: Mia Couto, e musicada por Hortêncio Langa. “Cidade menina” é a forma como o Xiquitsi olha para Maputo, uma cidade com cor, talentosa, artística e que mexe com as pessoas.

Ainda sob a direcção do maestro Cláudio Ferreira, músicos como Carlos Pereira, Xixel Langa, Maya Egashira, bem sintonizados com os alunos do Xiquitsi, casos de Márcia Massicame, Timóteo Bene Júnior, Manuel Matsinhe, Francisco Fumo e  António Nhancale, ecoaram ao público outros sons clássicos, durante aproximadamente hora e meia: “Jiga”, “Ostinato” (G. Holst – St. Paul’s Suite); “Hombra Mai Fu, para tenor e orquestra de corda” (G. F. Haendel); “Dry Your Tears Africa, do filme ‘Amistad” (J. Williams/ Bernard Dadie) e “Ave Verum” (Karl Jenkins).

E porque o Xiquitsi forma autores de elevada qualidade, o aluno do projecto, Estevão Chissano, com a sua “Missa Kyrie, Glória, Credo, Sanctus e Agnus Dei”, teve a prestigiada missão de encerrar a série (a obra do mesmo aluno inaugurou a temporada deste ano) que, na véspera, levou aos ouvidos do auditório do Centro Cultural da UEM uma mistura de música clássica com a popular.

A última série de concertos da Temporada deste ano teve a valiosa contribuição para além da Orquestra e Coro Xiquitsi do músico Stewart Sukuma, acompanhado pela banda Nkhuvu. Foi um concerto como nunca se viu nesta “Cidade menina”, um concerto para cantar a capital, mas também serviu para realizar um sonho de Sukuma: cantar com uma orquestra.

Para Kika Materula, Directora Artística do Xiquitsi, a presente edição da temporada de música clássica foi especial por ter celebrado 130 anos da cidade de Maputo. Para Materula, o Xiquitsi é um projecto inovador e tem êxito, afinal, fez renascer a música clássica no país. A líder artística do projecto, enalteceu as parcerias que a Kulungwana tem estado a firmar para tornar o Xiquitsi cada vez mais credível, com resultados que se espelham através da deslocação de alunos moçambicanos para fora do País e músicos estrangeiros para Moçambique.

O Xiquitsi é uma iniciativa que tem merecido atenção do Conselho Municipal de Maputo, numa parceria conjunta com a Kulungwana, de tal modo que o Edil de Maputo, David Simango, reforçou que o Projecto Xiquitsi constitui um sinal óbvio de que a cidade das acácias está a crescer.

A Temporada do Xiquitsi 2017 que este ano celebrou os 130 anos da Cidade de Maputo, encerra com compromisso de celebrar em 2018 os cinco anos deste projecto que junta músicos profissionais e principiantes sem olhar para cor nem etnia. “O ano que vem será ainda mais intenso”, promete a organização.

 

 

 

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos