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Colapso na construção civil: cerca de 90% de construtras poderão encerrar em 2019

Contas no vermelho. Esta é a realidade da maioria das empreiteiras moçambicanas no exercício económico de 2018. O presidente da FME, Manuel Pereira, fala em cerca de 700 construtoras em situação de falência.

Mais moçambicanos no desemprego e algumas famílias entregues à sua sorte. Este é um dos cenários negativos do encerramento de cerca de 700 empresas de construção civil já no próximo ano, devido a forte crise que abala o grosso número das empreiteiras de bandeira nacional.

Só para se ter uma ideia, estas empresas (700 firmas) representam perto de 90 por cento do total das construtoras moçambicanas registadas, segundo deu a conhecer em exclusivo ao "O País", o presidente da Federação Moçambicana de Empreiteiros (FME), Manuel Pereira.

"São salários em atrasos, impostos não pagos, pagamentos em atraso da dívida do Governo e uma série de dívidas que irão precipitar a falência das construtoras nacionais, bem como a falta de obras adjudicadas", apontou o presidente da FME.

Recorda-se, que a referida dívida do Governo com as empreiteiras foi contraída ao longo da última década. A mesma (dívida) resulta da facturação das obras executadas a favor do Estado no período compreendido entre 2009 até ao primeiro semestre de 2018.

Neste momento, a preocupação das construtoras prende-se com o facto de uma parte considerável desta dívida não ter, até aqui, autorização de pagamento (visto) do Tribunal Administrativo (TA), ou seja, o Estado não assumiu essa dívida.

"Estamos ainda a trabalhar com o Governo, com vista a validar essa dívida, porque as facturas existem", referiu Manuel Pereira. A concorrência chinesa também mereceu reparo. "Olhamos com tristeza o facto de o Governo sempre optar em adjudicar obras às empreiteiras chinesas, em detrimento das empresas nacionais. Os chineses chegam com tudo", anotou.

Sobre a "invasão chinesa" na construção civil, Pereira defende a criação de um dispositivo que obriga as construtoras desse país asiático a estabelecerem joint-venture com congéneres moçambicanas.

"Eles têm muito conhecimento nas grandes engenharias, mas essa experiência não é transmitida às firmas moçambicanas, por falta de partilha nas obras. O Governo deveria criar mecanismos legais para o efeito", sublinhou o presidente da FME.

CASA PARA JOVENS

Entretanto, e apesar do cenário actual mostrar um quadro negro, sabe-se que o Governo através do Fundo para Fomento de Habitação (FFH), projecta a construção de 35 mil casas para jovens a médio prazo, cuja maioria das obras terá a intervenção das empreiteiras moçambicanas.

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