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Clubes exigem mudança de calendário futebolístico

Foto: O País

Os clubes do Moçambola exigem a mudança do calendário futebolístico actual para uma época internacional que inicie em Julho de um ano para terminar em Maio do ano seguinte. A alteração do calendário vai permitir às equipas apuradas às Afrotaças melhor preparação. O pedido foi feito durante a Assembleia-Geral da Liga Moçambicana de Futebol, realizada esta terça-feira

A Assembleia-Geral da Liga Moçambicana de Futebol tinha apenas três pontos de agenda, nomeadamente a leitura e aprovação da acta da última reunião magna ordinária e das duas extraordinárias, a apresentação e aprovação do relatório de actividades e de contas dos exercícios 2020 e 2021 e apresentação do plano de actividades e orçamento para o ano 2022.

Os clubes pediram a inclusão de mais dois pontos nos diversos, nomeadamente o debate sobre o comunicado 01 da Federação Moçambicana de Futebol e a calendarização da época futebolística, curiosamente os dois que tiveram mais ênfase na reunião magna ocorrida esta terça-feira na Casa do Futebol.

Os clubes consideram que o actual calendário futebolístico está desajustado, olhando para as competições africanas e para as provas de outros países. A inquietação veio da própria Associação Black Bulls, campeã nacional e um dos representantes nacionais nas competições africanas, concretamente na Liga dos Campeões Africanos, a questionar qual seria o tempo de defeso em caso de chegar à fase de grupos das afrotaças.

“Se chegarmos o mais longe nas competições africanas, significa que não vamos parar e teremos que jogar as fases seguintes, ano seguinte, sem competições, porque, em Moçambique, já não haverá competições. E, quando as competições africanas estiverem a terminar, estará a iniciar o Moçambola seguinte. Em que tempo que os jogadores, treinadores e todo pessoal vão descansar?”, questionou Juneid Lalgy, presidente dos “touros”.

O Ferroviário da Beira, também representante nacional nas afrotaças, secundou a preocupação da Black Bulls, ressalvando que a época chuvosa não deve ser justificativa para a não mudança do calendário.

E porque esta decisão pertence à Assembleia-Geral da Federação Moçambicana de Futebol, fórum no qual os clubes, representados pela Liga Moçambicana de Futebol, não têm assento, o órgão que gere o Moçambola prometeu submeter este pedido à Casa do Futebol, mas também sugeriu que os clubes fizessem esta reclamação junto das Associações Provinciais, que são legítimos eleitores, para que aprovem a alteração na próxima reunião do organismo que gere o futebol moçambicano.

“Ficamos com o trabalho de casa de, como direcção Executiva da Liga Moçambicana de Futebol, de interagir com a Federação Moçambicana de Futebol para limar as arestas persistentes através de um envolvimento maior dos clubes da primeira liga na planificação da época”, disse Ananias Couana, em resposta às inquietações dos clubes.

Até porque Ananias Couana considerou a Assembleia-Geral da LMF “um exercício democrático e enriquecido pelas contribuições dos delegados dos clubes, os quais, de forma apaixonada e comprometida, apresentaram em fórum próprio a preocupação da calendarização da época futebolística em Moçambique, nomeadamente as datas de início, fim e interrupções do nosso campeonato nacional”.

Sobre este assunto, o director Nacional de Desporto de Rendimento, Francisco da Conceição, reconheceu que o debate é antigo e que cabe, agora, à decisão de inverter o cenário para que a nova calendarização seja a mesma dos restantes países.

“Chove na África do Sul, chove no Zimbabwe, chove na Zâmbia, chove em todos os países, mas não deixam de jogar e de ter um calendário que seja internacional. Nós devemos adequar-nos a esse calendário internacional e mudarmos o actual”, disse Da Conceição.

Relativamente ao primeiro comunicado da Federação Moçambicana de Futebol, sobre as inscrições dos jogadores juniores nas equipas seniores, bem como a obrigatoriedade de inscrição das equipas sub-23 e das equipas femininas para as equipas que vão disputar o Moçambola, os clubes foram unânimes em requerer a retirada dessa obrigatoriedade.

Ou seja, os clubes concordam com a inscrição das equipas sub-23, desde que seja permitida a inscrição de mais jogadores, para permitir que os treinadores possam utilizar os jogadores das equipas principais e secundárias nos seus jogos, sem que seja obrigatório.

 

RELATÓRIOS E ORÇAMENTO APROVADOS POR UNANIMIDADE

Na Assembleia-Geral da Liga Moçambicana de Futebol estiveram presentes os 12 clubes que vão disputar o Moçambola-2022. Entre as matérias debatidas, destaque para a aprovação, por unanimidade, dos relatórios de actividades e contas dos exercícios de 2020 e 2021, bem como o plano de actividades e orçamento para este ano.

Para esta temporada futebolística 2022, o orçamento de actividades da Liga Moçambicana de Futebol situa-se em 71 milhões, 694 mil e 600 Meticais, dos quais pouco mais de 50 milhões dos patrocínios e 18 milhões de Meticais das transmissões televisivas, ou seja, da ZAP.

Já os jogadores pediram a remoção do número limite de 20 golos para considerar o melhor marcador da prova, bem como dos critérios para a escolha do guarda-redes menos batido, dois itens que não serão premiados na próxima gala do desporto, mas devendo ser reajustados os critérios, para que sejam reconhecidos.

Ademais, os clubes pedem a introdução do prémio para o “homem do jogo” em todas as partidas do Moçambola a partir desta edição, como forma de valorizar os jogadores.

A Liga Moçambicana de Futebol assumiu a responsabilidade de criar novos critérios para as preocupações dos jogadores e dos clubes e prometeu que, antes do arranque do Moçambola, serão respondidas positivamente.

“Saímos deste encontro reforçados no sentido de que há um sentimento consensual e compromisso de trabalharmos todos para o crescimento da nossa Liga. Efectivamente, queremos crescer de modo que, nos termos dos estatutos, as decisões da Liga Moçambicana de Futebol, sejam tomadas pelos clubes,  por forma a concretizar-se a autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Queremos clubes fortes para que tenhamos uma liga também forte”, disse Ananias Couana ao encerrar a magna reunião.

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