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Chuva alaga bairros nas vésperas do réveillon em Maputo

Foto: O País

A chuva, que caiu na noite desta quinta-feira, inundou várias residências na cidade e província de Maputo. Na véspera da festa de fim de ano, munícipes pedem a colocação de valas de drenagem para aliviar a situação.

Já estavam previstas as inundações urbanas na época chuvosa 2021-2022. O que os munícipes de Maputo não esperavam é um réveillon passado dentro da água, sem poder sequer aproveitar-se do quintal para as festas de final de ano.

Este cenário repete-se sempre que chove. Os moradores do bairro Costa do Sol reclamam da situação e apontam o dedo ao projecto Casa Jovem, que, segundo eles, foi o que provocou toda esta situação.

“Nós estamos a passar mal. Todos os anos é mesma coisa. Estamos a pedir socorro, pois não temos drenagem para escoar as águas ao mar”, disse Eugénia Gabriel, uma das moradoras daquele bairro, que teve o seu quintal completamente alagado.

Na parte traseira da Casa Jovem, o cenário a que se assiste é de ruas e casas alagadas, casas de banho destruídas, pequenas hortas e capoeiras submersas, em fim, um cenário de “cair lágrimas”.

Júlia Dinis, moradora do bairro há 10 anos, conta que, mesmo com as cheias do ano 2000, a situação era controlável. No entanto, desde 2012, tudo mudou.

Na sua casa, a água chega até aos cotovelos. A cama foi colocada sobre blocos e caixas para ganhar elevação e não molhar. Os mosquitos, até as doenças hídricas, não faltam.

“Aqui, basta chover, vivemos assim, desde que surgiu a Casa Jovem. Dormimos aqui, de qualquer maneira, porque não temos para onde ir. Desde que iniciou o projecto Casa Jovem, já fomos à sede e ao distrito, onde nos prometeram resolver a situação, mas, até hoje, nada foi feito”, desabafou Júlia.

O grito de socorro vem de todas as partes, pois a água não escolheu a casa onde se alojar. Todas as casas foram visitadas. Houve quem revelou que até perdeu moral de pensar nas festividades de transição de ano.

“Mesmo que queiramos fazer bolos, não temos possibilidade, pois está tudo alagado. Pedimos ajuda. Estamos a sofrer com água dentro das nossas casas. Colocamos os nossos electrodomésticos sobre as mesas. Já veio o vereador dizer para abandonarmos a zona, caso não tenhamos condições para viver aqui, mas a Casa Jovem veio depois de nós”, disse Eugénia Gabriel.

A nossa equipa procurou ouvir a reacção dos gestores do projecto Casa Jovem tido como o que piorou o problema, mas os responsáveis não quiseram pronunciar-se sobre o assunto.

No entanto, para o alívio das famílias, o Instituto Nacional de Meteorologia prevê melhoria da temperatura para os próximos dias, com redução da precipitação.

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