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Cem milhões de MT de prejuízo num bananal

A maior plantação de banana em Nampula está com um prejuízo de mais de 100 milhões de Meticais, na sequência da destruição de 750 hectares da cultura de banana pelo ciclone Gombe. Para este ano, estava prevista a produção de 20 mil toneladas (o que não vai acontecer) e, nos próximos oito meses, não garantem banana no mercado.

É de longe a pior crise que o grupo JACARANDA regista desde que está em Moçambique há 12 anos. Com uma larga experiência no agronegócio, os latino – americanos adquiriram as farmas da extinta MATANUSCA e apostaram fortemente na cultura de banana que já existia, mas os antigos proprietários haviam desistido dela depois de uma forte infecção do bananal pela chamada doença do panamá.

O cenário é desolador no distrito de Monapo, onde, na Fazenda do Rio (pertencente à JACARANDA), contabilizam-se 750 hectares de banana totalmente destruídos.

São os efeitos do ciclone Gombe que vão mostrando-se mais graves a cada dia que se contabilizam as perdas.

“A situação está bastante crítica. Estamos a avaliar os danos minuciosamente. Temos cerca de 1000 trabalhadores, 800 são fixos e 200 eventuais, mas tivemos que parar com os eventuais e estamos a avaliar reduzir a área e certamente que alguns fixos também vão ter que sair”, garante Gladys Tazan, gestora da “Fazenda Rio Monapo”.

Para este ano, estava prevista uma produção de 20 mil toneladas de banana, sendo 10 mil para exportação e igual quantidade para o mercado nacional. Com estas perdas, todos os planos foram por água-abaixo e os gestores dizem que, pelo menos nos próximos oito meses, não terão banana. Dos dados a que tivemos acesso, aqueles investidores produzem 815 toneladas por mês.

Os dias são de incerteza. Se tivermos em consideração outras farmas que têm, o valor de prejuízo perfaz 449.972.200 Meticais, com a destruição dos 750 hectares de banana, 15 mil cajueiros, 4500 galinhas e destruição de 15 edifícios de várias utilidades.

“Pedimos ajuda, porque, com fundos próprios, não podemos conseguir reerguer-nos”, lançou o apelo Gladys Tazan, com um semblante de desolação e, na conversa com O País Económico, ressalvou o facto de não terem recorrido ao financiamento bancário para o investimento, pois, nesta altura, seria outro dilema por resolver.

A agricultura familiar é, para já, a principal preocupação, por ser a fonte de sobrevivência para a maior parte da população, mas, ao que tudo indica, o milho sofreu, embora continue em pé e é recuperável. O gergelim, assim como o algodão, duas culturas de rendimento, mostra sinal de resiliência.

Todavia, há a salientar, segundo o Governo provincial de Nampula, um total de 29.562 hectares de culturas inundados, entre culturas de rendimento e alimentares. A avaliação do possível impacto na segurança alimentar está em curso.

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