O País – A verdade como notícia

Caso da morte do menor no Sidwava conhece nova página

No passado dia 3 de Maio, uma bala perdida provavelmente disparada por militares que se encontravam no campo de tiro do quartel de Sidwava, município da Matola, atingiu mortalmente um menor de nove anos de idade de nome Joaquim Mangaze.

Uma semana depois da sua morte, uma comissão mista composta por membros do governo provincial de Maputo e do Conselho Municipal da Matola, deslocou-se à casa do finado com o objectivo de consolar a família enlutada.

Terminada a visita à casa do menor Joaquim, a delegação comandada pelo edil da Matola, Calisto Cossa, manteve um encontro com a comissão dos moradores de Sidwava. Em cima da mesa estava a questão da disputa de terra entre o quartel e os moradores daquela zona. A população acusa o quartel de estar a usurpar as machambas que outrora pertenceram aos seus antepassados, entre os anos de 1974 e 1982 e a devastar as culturas nelas existentes. Dizem-se ser herdeiros e pouco percebem a razão da invasão dos militares.

“A nossa maior preocupação tem a ver com a ocupação dos nossos espaços que antigamente pertenceram aos nossos antepassados. Chegamos primeiro que o quartel estou a falar de 1974 e isto estava uma mata desocupada. Estas terras pertenceram aos nossos avós, faziam delas grandes machambas, pelo que o quartel deve respeitar isso e parar com a sua ocupação”, queixou-se um dos membros da comissão que não quis se identificar.

Outro membro da comissão dos residentes na condição de anonimato disse que nos últimos dias os militares é frequente a ocupação das suas terras pelos militares facto que de certa maneira resultou no fatídico incidente do dia 3 de Maio em curso.
“Queremos os militares longe das nossas terras, diariamente assistimos cenários que não nos agradam relacionados com intimidações e coercividade”.

O maior desejo manifestado pela comissão é que não exista mais a área de servidão militar. Entendem que só assim poderiam sentir seguros nas vias e dentro das suas residências, avançaram.

Já a delegação chefiada por Calisto Cossa, edil da Matola, que atentamente auscultou as preocupações levantadas pela comissão, propôs um encontro entre os moradores e o quartel que veio a acontecer ainda na tarde de ontem.

No fim do mesmo encontro as partes acordaram verbalmente que deve-se delimitar a área residencial e militar para que não surja mais incidentes como a que custou a vida do menor Joaquim.

“Nesta fase é preciso, segundo o consenso que começa a ser alcançado delimitar-se aonde é que efectivamente é espaço reservado ao quartel, neste caso a servidão militar, e também o espaço habitacional e esta parte relativa às machambas deve estar claramente identificada para se evitar casos desta natureza. Caso não haja a devida delimitação poderemos continuar com a disputa de terra neste local”, disse Calisto Cossa.

Jõao Canda, representante da comissão dos residentes de Sidwava, diz que espera que o acordo não viole os seus direitos.

“Nós não vamos recusar, o que não queremos é a usurpação das terras onde a população desenvolve a agricultura", afirmou.

 

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos