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Carta aos meus irmãos ancorados na afro-escrita

I

Não sei se vós quereis ouvir agora, esta voz

que à vós a mão estende, em busca da arte

de escrita real mas bela e pura. Sem mancha

da mimese que na dos outros se prende.

Busco a fúria na arte criada outrora, por Noronhas,

Noémias, Knopflis, Whites. Ó meu verso por

aqui ande! Em rectas letras andaram Craveirinhas

e Kalunganos no Combate. Despidos de tal ornamento

mas com heroísmo. Ó noite oiça-me e dê-me fúria

de dizer em ornamentada arte para que não transborde

a tinta em prol desse heroísmo ou africanismo caviar.

 

II

Amo indiscretamente as já vigentes decoradas formas

de fazer e sentir a arte. No mapa-múndi. Estaria

despreparada para o belo, a razão que visse

alienação no seio destas sérias coisas.

Sedeadas no saber ser e estar de qualquer alma

que se preze! Ah! Que brotem as forças em nós.

Do intersecionismo. E que do nativismo

se desprendam! O livre e não fantasioso pensar

que me faz ser. Sugere que fique esta mensagem

em todos os que ainda na escuridão andam.

Com humildade sem sombra arrogante sugiro-vos:

falemos de nós pensando no mundo, e dele em nós.

 

III

Predisponho-me ao heroísmo pela beleza no escrever,

que as palavras facilmente constroem, quando desenhadas,

revelando-se ditadoras na grafia […] mas em arte […]

democratas semanticamente! Se as falas tornam-se

em poesia quando se harmonizam com o belo e

cinicamente exigem a descoberta do que dizem, quero

que transportem a mente humana a um obscuro labirinto.

Cujas paredes, para uma saída a conduzem. Entre minhas

palavras, quero que caminhem paralelamente: o concreto

e o abstracto. O sonho e a realidade. O afro, o ocidental

e o oriental. Falando o mesmo dizer. Através do qual

se possa reciclar uma escurecida mente. E, por deferência,

se possa dar algo além do prazer às massas que da escuridão

estão libertas. E que vão ganguissando as atmosferas mais iluminadas.

 

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