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Cancelamento das eleições deixa “alvi-negros” indignados

Estava tudo a postos para a eleição de novo corpo directivo do Desportivo Maputo, este sábado, mas uma decisão do Presidente da Mesa da Assembleia Geral, João Figueiredo, mudou tudo. A expectativa dos sócios era de sair do pavilhão com o novo presidente da colectividade, aquele que acreditam que poderia mudar o cenário negro que se vive naquele ninho, nomeadamente a crise financeira e existencial do Desportivo.

Mas a única palavra de ouviram do Presidente da Mesa de assembleia Geral foi o anúncio do cancelamento da reunião magna, alegadamente devido ao elevado número de sócios que se encontrava no local. É que no pavilhão estavam cerca de 80 sócios e aos olhos da Mesa da Assembleia Geral havia transgressão dos decretos do protocolo sanitário para encontros desta natureza.

Certo mesmo é que a decisão foi tomada antecipadamente, até porque estava no local um forte contingente policial para assegurar a segurança e garantir a paz e a tranquilidade que a Mesa da Assembleia Geral pretendia, após o anúncio.

João Figueiredo argumentava que a Assembleia Geral devia ter um máximo de 40 pessoas e não havia consenso em relação a participação dos sócios.

A decisão não agradou os sócios, que pediram explicações, uma vez não concordarem com a justificação de elevado número de pessoas.

Hortência, visivelmente agastada com a decisão, questionava porque a Mesa da Assembleia Geral não reflectiu sobre esta situação antes da chegada do dia, uma vez saber que o clube tem muitos sócios. “Eles decidiram daqui para aqui. Para mim aquilo é muito trsite, porque nós os sócios, queremos ver o Desportivo a ir a frente. Porque eles não disseram que não haveria eleições se o número fosse elevado? Deixamos coisas em casa para vir participar e isto é lamentável”, comentou, tendo acrescentado ainda que a situação só prejudica o próprio clube.

“Já estamos há anos nesta situação. Nunca vamos a frente, só vamos para trás. As coisas não andam bem aqui no Desportivo”, lamentou Hortência.

Daniel Muianga é outro sócio indignado com o cancelamento da reunião magna e acusa João Figueiredo de falta de respeito para com os sócios. “Nós como donos do Desportivo temos a dizer que o Presidente da Mesa da Assembleia Geral perdeu respeito para com os sócios. Ele sozinho entendeu e determinou que não havia mais eleições, isso é falta de respeito. Nós precisamos de eleições o mais urgente possível, porque queremos levar a nossa equipa avante”, disse Muianga.

Daniel Muianga diz mesmo que João Figueiredo devia afastar-se do cargo que assume, pois “não sei se ele realmente entende do desporto e do Desportivo. Nunca vi ele no campo a assistir jogos do Desportivo, como é que ele quer decidir sobre assuntos do Desportivo?”, questiona indignado.

O sentimento de tristeza invadia a alma e a raça “alvi-negra”, que assim se vê ferida no seu orgulho. É assim como Gina Desportivo, a chamada “dama-de-ferro” da “raça alvi-negra”, se sentia após o anúncio do cancelamento da Assembleia Geral e exigia a cabeça de João Figueiredo, Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Desportivo Maputo.

Para Gina “o que ele e outros querem é afundar o Desportivo, não querem que o Desportivo exista”, pois “com tanto dinheiro que tem, como é que não conseguiram licenciar a equipa?”, questiona, acrescentando que “eles devem sair por bem ou por mal, porque nós, os sócios, vamos levar o poder”.

Aliás, Gina diz não entender como é que João Figueiredo age da forma como agiu, mesmo considerando o Desportivo Maputo como uma família. “Diz que somos uma família, mas trouxe polícias. Como é que um pai pode trazer polícias para fazerem isso com os filhos dele? Estão a sabotar o Desportivo!”, desabafa, lamentando o facto do clube estar afundado, mas a actual liderança estar a combater quem quer resgatar a mística “alvi-negra”.

MAGOADO, TRISTE E CONFUSO, DIZ ALEXANDRE “CHANDÓ” ROSA

Quem também estava completamente indignado com a decisão do cancelamento da Assembleia Geral do Desportivo Maputo é o candidato único às eleições, Alexandre Rosa. Chandó diz não entender os motivos que levaram João Figueiredo a cancelar a reunião. “Inexplicavelmente o Presidente da Mesa da Assembleia Geral anulou este encontro e alega a questão da COVID-19. Mas se formos a rever aquilo que são as directrizes dos órgãos sanitários, a Mesa da Assembleia Geral deve criar condições para que um determinado evento se realize. E o Desportivo Maputo, sendo uma colectividade associativa, a Comissão Eleitoral e a Mesa da assembleia Gerla deviam criar condições para albergar todos os sócios em distanciamento e realizar a reunião”, disse Chandó à imprensa.

Entretanto, nada disso aconteceu, “apenas viemos aqui para ouvir uma decisão tomada unilateralmente”, entretanto por si acatada.

Aliás, Chandó diz respeitar a decisão, “mas com alguma tristeza”, tendo em conta que o clube não passa por bons momentos e “precisa de uma estratégia para ser resgatado e outra visão”, algo que só é confortado pelo lema da colectividade: “Desportivo em primeiro lugar”.

Em termos de sentimento face a este cancelamento, Chandó disse que “sinto-me triste, magoado com esta decisão, porque, de alguma forma limita aquilo que é um sonho de um grupo de jovens que tem e tinha para com esta colectividade”, referindo-se ao seu elenco, que considera ser forte em termos de pessoas com visão em marketing, gestão e capacidade de liderança.

É que para Chandó, um dos desafios que o seu elenco tinha era devolver o clube ao Moçambola e garantir uma gestão financeira saudável e transparente. Entretanto não sabe como será o seu futuro, se vai continuar candidato ou não, remetendo a decisão ao elenco.

Para já, o futuro do Desportivo Maputo continua incerto, até porque ainda não há data para uma nova Assembleia Geral do clube centenário.

Facto mesmo é que o Presidente da Mesa da Assembleia Geral emitiu um comunicado a informar que a colectividade “alvi-negra” será dirigida por uma Comissão de Gestão que vai se encarregar de preparar e marcar eleições para dentro de duas semanas.

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