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Camponeses queixam-se de usurpação de terras em Manica

Cerca de 100 famílias camponesas das localidades de Pindanganga e Chipindaumue, distrito de Gondola em Manica, vêem a actividade agrícola ameaçada na presente safra por estarem a ser usurpadas terras dedicadas ao cultivo.

Estas famílias foram abrangidas por um projecto de plantação de eucaliptos que está a ser levada a cabo por uma firma denominada Portucel que é portadora de Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT), concedido pelo Governo para explorar 183 mil hectares na província de Manica.

Os camponeses, que falavam durante um encontro promovido pela Acção Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU), revelaram que a referida firma assim que chegou, prometeu vários benefícios, mas não chegou a cumprir as suas promessas. Por isso, sentem-se injustiçados.

“Eu sou viúva e cuidando de oito filhos. A minha fonte de subsistência era a minha machamba, mas a Portucel veio arrancar a terra que eu usava para produzir e ter rendimentos”, contou Georgina Nhamitambo, agricultora na localidade de Pindanganga que foi vítima da acção daquela empresa em pouco mais de cinco hectares.

Ademais, Nhamithambo que vinha ocupando o espaço ora usurpado há cerca de 20 anos por herança, na sequência da morte dos seus progenitores, acrescentou que neste momento o que necessita é reaver pequeno espaço para plantar culturas de curta duração que lhe sirvam de fonte de sobrevivência.

Ofélia António, residente em Chipindaumue é outra lesada pelo projecto de plantação de eucaliptos: “. Eles quando chegaram não criaram mecanismos de conversa com a comunidade para entregarmos as terras. Apenas vinham com promessas de construção de escolas, abertura de furos de água”, contou.

Na sua recente visita a província de Manica, abordado sobre o assunto, o ministro da Agricultura e Segurança alimentar disse que vai inteirar-se para dirimir o conflito de modo a não afectar a produção e produtividade.

“Se houve usurpação de terras, isso contraria o espírito, conteúdo e letra da Lei de terras. Cada caso, é um caso que deverá ser avaliado e olhar de forma positiva, por um lado, para dirimir o conflito e, por outro, garantir que a produção e produtividade dos camponeses de Gondola não seja, por isso, afectada”, reagiu José Pacheco.

Enquanto isso, o projecto de plantação de eucaliptos avança no terreno.

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