O País – A verdade como notícia

BRICS procuram novo equilíbrio no comércio mundial

Enquanto o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, vai disparando com novas tarifas para as commodities, situação vista como uma ameaça que pode levar à eclosão de guerras comerciais globais, os líderes do bloco BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – reúnem-se, a partir desta quarta-feira, na capital económica sul-africana, Joanesburgo, em defesa do multilateralismo.

Os líderes das principais nações emergentes reúnem-se pela primeira vez, desde o início da ofensiva de Donald Trump, para reequilibrar as relações comerciais.

Desde a ameaça de derrubar acordos comerciais existentes até ao aumento das tarifas de aço e alumínio, a acção unilateral dos EUA abalou aliados e rivais tradicionais. De acordo com analistas internacionais, os BRICS estão na linha da frente das tensões globais.
Na semana passada, Trump disse que estava pronto para impor tarifas até 500 biliões de dólares sobre todos os produtos importados pelos EUA da China. E, de acordo com a Reuters, a ameaça não se fica apenas pela China. Mesmo África do Sul, considerada um pequeno exportador de aço, alumínio e automóveis para os Estados Unidos, está a enfrentar barreiras.

“Se você não tem um sistema de comércio baseado em regras, então, é uma questão de poder. E o unilateralismo não é algo que você queira contemplar”, disse Rob Davies, ministro do Comércio da África do Sul, actual presidente dos BRICS, citado pela Reuters.

Segundo a Reuters, a China, membro dominante dos BRICS, enfatizou a necessidade de combater o proteccionismo e promover o comércio multilateral global.
“Somos contra o unilateralismo, somos a favor do livre comércio”, disse o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, no início deste mês, em resposta aos movimentos comerciais de Trump.

Desde a sua criação, em 2010, os BRICS têm lutado para se impor como um bloco importante a nível global, tanto na perspectiva política como comercial.

Entretanto, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do bloco cresceu de 2,7 triliões de dólares no ano 2000 para mais de 17 triliões no ano passado, superando o da União Europeia, o valor do comércio entre os seus membros caiu quase 9%, nos últimos cinco anos, registando actualmente 312 biliões de dólares, referem dados do Standard Bank, em Joanesburgo, citados pela Reuters.

E analistas defendem que a turbulência no comércio global pode dar uma chance ao grupo.
Embora não condenem os Estados Unidos, os líderes do BRICS defendem firmemente o multilateralismo e as organizações, incluindo a Organização Mundial do Comércio, referem os analistas.

China vai investir 14,7 mil milhões de dólares na África do Sul

Em declarações à imprensa, o presidente da República Popular da China, Xi Jinping, disse que a segunda maior economia do mundo irá expandir as importações da África do Sul, com o objectivo de apoiar o desenvolvimento da economia mais industrializada de África. Já o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, estabeleceu uma meta de investimento externo de 100 mil milhões de dólares para relançar a economia do país.

O chefe de Estado chinês iniciou hoje uma visita de Estado à África do Sul, no âmbito da sua participação na 10ª Cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que arranca esta quarta-feira, em Joanesburgo.

Além de Xi Jinping, participam na reunião anual de alto nível, organizada pela África do Sul, os presidentes Michel Temer (Brasil), Vladimir Putin (Rússia) e o primeiro-ministro da Índia, Narenda Modi.

Além de estado-membro dos BRICS, África do Sul preside actualmente à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Os chefes de Estado de Angola, Moçambique, Namíbia, Gabão, Senegal, Uganda, Togo e Ruanda participarão num encontro com os líderes dos BRICS, agendado para o dia 27, sexta-feira, último dia da cimeira, indica o programa oficial.

A cimeira, que terá como tema “Colaboração para o crescimento inclusivo e prosperidade partilhada na 4.ª Revolução Industrial”, é a primeira reunião dos líderes mundiais do bloco desde que o presidente Cyril Ramaphosa assumiu a liderança do país.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos