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Banco de Moçambique mantém a previsão de inflação a um dígito para o médio prazo e recuperação económica nacional

Foto: O Pais

O relatório do Banco de Moçambique sobre a conjuntura económica e perspectivas de inflação, publicado a 17 de Setembro corrente, indica que as projecções de inflação para o médio prazo se mantêm em um dígito, perspectivando-se, deste modo, uma relativa recuperação da economia nacional, influenciada pelas medidas de contorno aos efeitos da COVID-19.

Segundo o Banco de Moçambique, estas projecções são sustentadas pela menor depreciação do Metical, num contexto em que se prevêem pressões inflacionárias nas economias dos principais parceiros comerciais, bem como o aumento dos preços dos alimentos e do petróleo no mercado internacional.

Em Agosto, os preços registaram um ligeiro aumento no país, traduzindo o incremento verificado na classe de produtos alimentares e restauração. Ainda assim, o Banco de Moçambique perspectiva que a inflação se mantenha num dígito no curto e médio prazo.

“A inflação anual, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), passou de 5,48%, em Julho, para 5,61%, em Agosto. Igualmente, a inflação média anual manteve a trajectória ascendente, situando-se em 4,61%, em Agosto, após 4,38%, em Julho de 2021”, lê-se no relatório do Banco de Moçambique.

Estas perspectivas reflectem também, e fundamentalmente, a manutenção da menor depreciação do Metical que permite amortecimento do efeito do aumento dos preços de alimentos e do petróleo no mercado internacional, facto que abre espaço para uma menor pressão cambial no médio prazo.

“A recente dinâmica da taxa de câmbio do Metical face às principais moedas transacionáveis, aliada à perspectiva de recuperação da procura externa, decorrente da melhoria das perspectivas económicas dos principais parceiros comerciais do país, bem como da evolução dos preços das principais mercadorias de exportação, prenuncia uma menor pressão cambial a médio prazo”, refere o documento.

Em relação à actividade económica, as projecções do Banco de Moçambique indicam uma recuperação da economia doméstica (em 2021 e 2022) impulsionada, sobretudo, pela procura externa, em face dos avanços nos programas de vacinação, da adopção de pacotes de estímulos nas economias avançadas, bem como da evolução favorável dos preços das mercadorias de exportação.

“O PIB acelerou no II trimestre de 2021, a reflectir o efeito base e a menor restritividade das medidas impostas no contexto da COVID-19. Dados preliminares do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) indicam que, em termos anuais, o PIB cresceu 1,97%, no período em análise, uma aceleração em 1,85 pp face ao I trimestre de 2021. Perante este quadro macroeconómico e ponderados os riscos e incertezas associados às projecções de inflação, o CPMO decidiu manter a taxa MIMO em 13,25%”, revela a fonte.

A recuperação da economia nacional é suportada pelas perspectivas de retoma da procura externa, em resultado do alívio gradual das medidas restritivas associadas à COVID-19 e a adopção de pacotes de estímulos monetários e fiscais, bem como uma evolução favorável dos preços das mercadorias de exportação.

Os pressupostos que sustentam as previsões do banco central, a nível internacional, têm a ver, segundo o Banco de Moçambique, com a relativa redução do crescimento do PIB nos Estados Unidos, África do Sul, em 2021, seguida por uma recuperação mais rápida, em 2022; a revisão em alta das perspectivas de inflação na África do Sul e nos EUA para 2021 e 2022; a revisão em alta das perspectivas de preços do brent no mercado internacional no horizonte de projecção; e a revisão em baixa das perspectivas de preços dos alimentos no mercado internacional, em 2021, e em alta, em 2022.

A nível doméstico, o Banco de Moçambique antevê uma manutenção da pressão nos preços de bens administrados a médio prazo. As perspectivas de recuperação do preço do petróleo, no mercado internacional, poderão gerar uma pressão sobre os preços domésticos, através do ajustamento do preço dos combustíveis. No entanto, a menor depreciação do Metical face às moedas dos principais parceiros comerciais de Moçambique poderá amortecer os possíveis impactos do referido ajustamento, no índice geral de preços do país.

Em relação à despesa pública a médio prazo, prevê-se uma maior pressão, devido à instabilidade militar na região norte do país, os desafios de reassentamento das populações, bem como a logística de aquisição e administração da vacina contra a COVID-19.

 

Novas taxas de incidência de reservas obrigatórias

Ao abrigo regulamento sobre o Apuramento e Constituição de Reservas Obrigatórias, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique fixou em 10,5% o coeficiente das reservas obrigatórias aplicável à base de incidência em moeda nacional, e em 11,5% em moeda estrangeira, a vigorar a partir de 7 de Outubro próximo.

 

Estatísticas do sector externo referentes ao II trimestre de 2021

Segundo o Banco de Moçambique, durante o II trimestre 2021, o saldo conjunto da conta corrente (CC) e de capital ­fixou-se em USD 2,151 milhões, o que representa uma melhoria de ordem de 0.5%, comparativamente ao igual período de 2020. Este resultado deveu-se à redução, em 2.2%, do dé­fice da CC, para USD 2,177.9 milhões, bem como do saldo superavitário da conta capital, em 58.9%, para USD 26.8 milhões, este último explicado pela diminuição da ajuda externa ao país.

O abrandamento do dé­fice da CC é justifi­cado, essencialmente, pela melhoria do dé­fice da conta parcial de bens, em 7.8% (determinado pelo aumento das receitas de exportação em 26.4%), e pelo incremento dos rendimentos secundários (28.9%), perante o agravamento dos dé­fices das contas parciais de serviços e rendimentos primários, em 10.5% e 16.0%, respetivamente.

Em conformidade com a fonte, dados da conta fi­nanceira apontam para a entrada líquida de recursos ­financeiros na economia moçambicana, na ordem de USD 1,963.5 milhões, menos 1.6% em relação ao período homólogo de 2020, justi­ficado pelo decréscimo, em 68.6%, do fluxo de outro investimento, para USD 387.0 milhões, num cenário em que o investimento directo estrangeiro cresceu em mais de 100%, para USD 1,555.2 milhões, apresentando-se, dessa forma, como a principal fonte de captação de recursos ­financeiros, no período em análise.

 

3ª edição do sandbox regulatório

Os desenvolvedores de startups de tecnologia, provedores de serviços financeiros, pesquisadores e outras entidades são convidadas a apresentar propostas de soluções inovadoras, com vista a satisfazer as necessidades identificadas no sector financeiro e áreas relacionadas.

A participação no Sandbox Regulatório do Banco de Moçambique terá a duração de 10 meses, a contar de 15 de Novembro de 2021. As áreas de interesse incluem, mas não se limitam a carteiras digitais e agregadores de pagamentos; soluções de análise de crédito; soluções para e-KYC; financiamento colectivo (crowdfunding).

As propostas estarão sujeitas à análise de adequação ao quadro regulatório e impacto no sector financeiro, sendo a natureza inovadora a condição essencial para a selecção dos 10 melhores candidatos que irão participar neste programa.

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