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Banco de Moçambique faz agravamento recorde da taxa de juro de referência

Derrapagem do metical, subida exponencial de casos da COVID-19, terrorismo em Cabo Delgado e calamidades naturais obrigam o Banco de Moçambique a subir a taxa de juro de referência de 10.25% para 13.25%. Os factores poderão a médio prazo elevar o custo de vida.

É a primeira vez que a taxa de juro de referência regista uma subida de 300 pontos base, ou seja, sai de 10.25% para 13.25%, desde que foi introduzida em 2017. É que desta vez, os factores combinados, nomeadamente, terrorismo, calamidades naturais, COVID-19 e derrapagem do metical, fizeram uma força tremenda e o Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique não teve outra escolha, senão, nesta terça-feira, avisar que vem aí um agravamento dos preços.

“Prevê-se uma aceleração da inflação geral no médio prazo, a traduzir os efeitos da repassagem da depreciação do Metical para os preços domésticos, do fim da vigência de parte das medidas de contenção de preços decretadas pelo Governo, no âmbito da COVID-19 e dos choques climáticos”, refere o comunicado de imprensa do Comité de Política Monetária do banco central.

O Banco de Moçambique alerta ainda que a pressão sobre as finanças públicas tende a aumentar. “A rápida propagação da COVID-19 desde o início do ano, o prolongamento dos conflitos militares e a ocorrência de calamidades naturais vão continuar a exigir um maior esforço financeiro do Estado, aumentando assim as preocupações quanto a postura fiscal em 2021. Desde o último CPMO, a dívida pública interna, excluindo contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, aumentou de 182.325 milhões para 183.819 milhões de meticais”.

Na sua nota de imprensa, o regulador do sistema financeiro refere ainda que o mercado cambial está a registar uma pressão na procura de moeda estrangeira.

“Após encerrar o ano de 2020 com compras líquidas no montante de USD 72,4 milhões, o sistema bancário registou uma pressão cambial no início de 2021, tendo efectuado vendas líquidas no montante de USD 16 milhões. Durante o período em referência, o Metical continuou a depreciar, reflectindo os elevados riscos e incertezas prevalecentes na economia doméstica e o fortalecimento do dólar norte-americano no mercado internacional. Entretanto, o saldo de reservas internacionais brutas incrementou para USD 4.086 milhões até 22 de Janeiro, o que permite cobrir mais de 6 meses de importações de bens e serviços”, aponta o documento.

O Banco Central reviu ainda em baixa as perspectivas de crescimento económico em 2021. Neste sentido, considera pertinente melhorar as reformas na economia, visando fortalecer instituições, melhorar o ambiente de negócios, a atracção de investimentos e criação de empregos.

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