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Banco de Moçambique alivia taxas de juro

O Banco de Moçambique decidiu, hoje, reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 25 pontos base, para 21,50%. Adicionalmente, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco Central reduziu as taxas da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) e da Facilidade Permanente de Absorção (FPD) em 25 pontos base, para 22,50% e 16,0%, respectivamente, bem como o coeficiente de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e estrangeira em 50 pontos base, para 15,0%.

Com esta medida, o Banco Central pretende induzir a redução das taxas de juro implementadas pelos bancos comerciais, que há muito são consideradas incomportáveis pelo sector privado e pelas famílias.  

No que que se refere ao Metical, entre 19 de Junho e 9 de Agosto, observou-se uma apreciação da taxa de câmbio do Metical ocorrida nos meses anteriores. Com efeito, o USD esteve cotado em 61,43 MZN no dia 9 de Agosto, ligeiramente acima dos 60,35 MZN observados no dia 19 de Junho. O ZAR, na mesma data, esteve cotado em 4,63 MZN, contra 4,71 MZN a 19 de Junho. Esta tendência recente do Metical, aliada à redução da inflação, tem contribuído para estancar as perdas de competitividade externa que a economia vinha observando.

De acordo com os dados do Banco Central, a liquidez do mercado monetário apresenta-se excessiva, reflectindo as compras de divisas efectuadas pelo Banco de Moçambique por iniciativa dos bancos comerciais, num ambiente em que o crédito ao sector privado se manteve estagnado. Entre Junho e 9 de Agosto, o BM comprou dos bancos comerciais USD 347,7 milhões, fazendo com que as intervenções sob forma de BT incrementassem o saldo para 82.177 milhões de meticais para diferentes maturidades, contra 70.306 milhões a 30 de Junho.

Por seu turno, as contas monetárias mostram que até Junho de 2017 o crédito bancário ao sector privado reduziu um por cento, em termos anuais, mantendo a tendência que vem sendo observada desde Outubro de 2016.

As Reservas Internacionais do Banco de Moçambique continuam a fortalecer-se. Até 9 de Agosto, o BM vendeu no Mercado Cambial Interbancário USD 264 milhões destinados a comparticipar na factura de importação de combustíveis líquidos. Nesse período, comprou um total de USD 812,7 milhões, levando a que o saldo das reservas internacionais brutas incrementasse para USD 2.446 milhões, suficientes para cobrir 6,1 meses de importações, excluindo as transacções dos grandes projectos.

Dados provisórios da balança comercial sinalizam uma melhoria substancial. Com efeito, dados provisórios que reportam o primeiro semestre de 2017 mostram que as exportações aumentaram em USD 673,2 milhões, tendo os grandes projectos virados para o mercado externo, sobretudo nas áreas de mineração e produção de alumínio, contribuído com a maior percentagem. Enquanto isso, as importações aumentaram em apenas USD 20 milhões.

Riscos de inflação prevalecem

O Banco de Moçambique entende que a prevalência de riscos para as perspectivas de inflação exige prudência na condução da política monetária.

“O nível de endividamento público interno mantém-se elevado e representa um factor de risco para as projecções de inflação. A colecta de receitas públicas abaixo do esperado, num contexto de suspensão do apoio externo ao Orçamento e de elevado endividamento interno (97,7 mil milhões de meticais), requer uma consolidação fiscal mais robusta”, lê-se no comunicado do Banco de Moçambique. Na perspectiva do Banco de Moçambique, outros factores de risco a ter em conta estão associados a fenómenos climáticos extremos (El Niño), à volatilidade dos preços das commodities e ao ambiente político nos países vizinhos, com destaque para a África do Sul, os quais, a materializarem-se, poderão impactar sobre a trajectória desejada dos preços de bens e serviços diversos.

 

 

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