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Autores debatem sobre literatura moçambicana no colóquio Resiliência

A segunda edição do “Resiliência – colóquio de literatura” está de regresso. O evento realizado pelo Deal – Espaço criativo vai acontecer durante três dias, 10, 11 e 12 deste mês, em vários locais da cidade de Maputo.

Para o evento, cerca de 30 autores foram convidados. São os casos de Mia Couto, Ungulani Ba Ka Khosa, Gilberto Matusse, Severino Ngoenha, Marcelo Panguana, Sónia Sultuane, Melita Matsinhe, Sangare Okapi, M. P. Bonde e Lucílio Manjate, que vão participar em mesas redondas, lançamentos de livro, feira do livro e recital de poesia.

 Do colóquio de literatura, a organização espera algo mais includente e que atraia outro tipo de público, que procura entretenimento nos vários locais à volta do DEAL, mas que ainda tem um fraco acesso à cultura e à literatura moçambicana. “Uma parte desse público até foi educado para ler e consumir cultura, mas, por diversas razões, não o faz. É preciso deselitizar a literatura e descentralizar este tipo de eventos para os sítios não habituais. O DEAL, local onde se vão realizar a maior parte das actividades, tem uma localização privilegiada por estar rodeado de centros culturais, escolas, livrarias, casas de pasto e vários locais históricos que precisam ser revitalizados”, explicou Mbate Pedro, o curador do colóquio.

Embora a maior parte dos autores chamados a intervir no colóquio seja bem conhecido no universo literário nacional, a sua preferência não foi ao acaso. Bem dito, houve critérios que concorreram para o efeito. Primeiro, a escolha dos autores foi feita com base nos temas a serem discutidos. Por exemplo, procurou-se ter numa mesma mesa de debate participantes que tenham perfis variados  e tragam diferentes perspectivas sobre um mesmo tema. Segundo, o curador preocupou-se com a inclusão, dando oportunidade a outros escritores ou poetas, alguns dos quais publicaram bons livros recentemente, que não participaram na edição anterior ou que raramente têm participado neste tipo de actividade. O colóquio Resiliência, de acordo Mbate Pedro, baseia-se fundamentalmente na ideia da renovação e da representatividade de autores de pequenas editoras, evitando-se, quando possível, recorrer aos mesmos convidados, ainda que tal repetição aconteça.

Com efeito, o espaço Resiliência tem a pretensão de se afirmar como uma utopia, uma prova de sobrevivência de pessoas (escritores, editores, críticos literários, etc.) que, sem nenhuns recursos e apoios, decidiram investir na literatura e na cultura como uma forma de empobrecerem alegremente e de fugirem à loucura.

Esta é a segunda vez que o Resiliência acontece este ano. A partir de 2019, o colóquio vai realizar-se numa base anual, pois, segundo Mbate Pedro, não há em Moçambique escritores suficientes para que este evento seja semestral, “para além de que não temos tido nenhum apoio financeiro para custear as despesas. Todo o orçamento do colóquio, que inclui a presença de dois autores internacionais, foi suportado pela editora Cavalo do Mar. Também por isso, é desafio da organização contribuir para se melhorar o crónico desafio do acesso ao livro e à leitura; contribuir para a mudança que se quer na relação público e leitura; promover os autores e as suas obras, tendo em atenção um equilíbrio entre os diferentes géneros literários e divulgar a literatura e cultura moçambicana.

Esta edição do Resiliência vai discutir temas como “Literatura e arte no feminino”, “O fim da crítica literária em Moçambique”, “O lugar da lusofonia no panorama literário universal”, “Tradução literária e os novos rumos para as literaturas africanas de língua portuguesa”

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