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Augusta Maíta “aplaude” decisão de demolição de casas em Mocuba

A directoria-geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) considera acertada a decisão do governo distrital de Mocuba de demolir casas em risco de inundações nas margens do rio Licungo na Zambézia e diz que outros governos e municípios deviam seguir o mesmo exemplo para retirar as pessoas em zonas vulneráveis a desastres naturais.

Vinte e quatro horas depois de choros e lamentações de várias famílias em Mocuba após a demolição de suas casas que se encontravam numa zona considerada vulnerável a cheias e inundações, no bairro Samora Machel, a directora-geral do INGC acompanhou o processo e no fim “aplaudiu” a decisão do Governo do distrito e o município.
Aliás, a única coisa que lhe restava era mesmo aplaudir, depois de ter dado um prazo de um mês para que as famílias abandonassem o local e o mesmo não foi cumprido porque, supostamente, o INGC não tinha dinheiro suficiente para fazer um reassentamento condigo.  

“O que mais nós podemos fazer senão este tipo de intervenção para evitar que mais vidas humanas sejam perdidas?” questionou, retoricamente, a directora-geral do INGC, Augusta Maíta, “saudando” o Governo do distrito de Mocuba e o município sobretudo o Governo da província da Zambézia “por entender a preocupação que temos estado a apresentar e por colaborar connosco nesta medida que nos parece extrema, mas necessária nas condições em que nós temos”.

E o exemplo de consequências nefastas deixadas por desastres naturais não faltam naquele local. Augusta Maíta lembrou, ainda, que a bacia do Licungo é tida como sendo de alto risco e não existem lá grandes protecções naquela área. Por isso, quando a água da chuva sobe de nível inunda e alaga todas as casas arredores.

“Nós tivemos em 2015, cerca de 140 óbitos naquela zona da província da Zambézia. Eu não sei se estamos a espera de um desastres destes para voltar a contabilizar óbitos ou se, de facto, é altura de nós intervirmos da forma que é possível para evitar que este de situações aconteçam” disse Augusta Maíta, num tom de revolta.  
Mocuba não é um caso isolado. Um pouco por todo país, há pessoas a viverem nas zonas propensas a inundações. Questionada sobre se a medida tomada na Zambézia terá réplica noutros pontos do país, Augusta Maíta disse que a sua instituição vai continuar a apostar na sensibilização, mas se a mesma não resultar, encoraja as autoridades locais a demolirem as casas.  

“Nós temos que começar por algum sítio. Entretanto, nós esperamos que com esta medida também tenhamos lançado um apelo a todos outros municípios e governos para que nos apoiem neste exercício que tem em vista a salvaguarda de vida dos nossos cidadãos”, pediu a directora-geral do INGC, reconhecendo as limitações da instituição em criar condições, mas “se tivermos que escolher, qual seria a melhor solução? Deixá-los lá morrer?” perguntou Augusta Maíta, em forma de provocação.

A directora-geral do INGC fez estes pronunciamentos à margem do encerramento do curso de capacitação de 44 membros da Unidade Nacional de Protecção Civil de quem a pediu maior dedicação e esforço no resgate e salvamento de pessoas em caso de eventos extremos da natureza.   

 

 

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