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Até sempre…João de Sousa!

Entre lágrimas, dor e consternação, familiares, amigos e colegas de profissão prestaram hoje o último adeus ao jornalista João de Sousa, que morreu na última segunda-feira, vítima de doença. Os restos mortais do “the voice” foram a enterrar no Cemitério de Lhanguene, cidade de Maputo.

As lágrimas, a dor e consternação de familiares, amigos e colegas de profissão ofuscavam o brilho do sol que chegou a atingir 29 graus celsius, na cidade de Maputo. O dia estava cinzento e triste: é o último adeus do ícone do jornalismo radiofónico e Moçambique e do desportivo, em particular: João Baptista de Sousa.

O relógio apontava para 08h30. O Parque dos Continuadores estava minimamente preenchido. Homens, entre os quais colegas da Rádio de Moçambique, entravam para o recinto onde decorreria o velório do “the voice”. Com aplausos e olhares atentos, de quem ainda não acredita na partida do jornalista, era recebida a urna e à tinha a fotografia do finado.

“Como dizemos adeus a uma pessoa maravilhosa, que encheu as nossas vidas de alegria e energia. Sua marca, jamais será apagada. Passa o tempo que passar e a saudade fará sempre parte da nossa vida”, indicou Fátima Issá, uma das familiares de João de Sousa.

E assim foi durante, pelo menos 50 anos da sua carreira jornalística. “The voice” sempre procurou deixar a sua marca em tudo que fazia, com brio, profissionalismo e dedicação. Esse é o legado que vai, certamente, inspirar as novas gerações dos profissionais da comunicação social.

“João, infelizmente, o dico rígido do seu corpo parou de funcionar, mas o dico rígido do seu computador deixa o legado inimaginável à comunicação social. Que as camadas vindouras de jornalistas saibam aproveitar os ensinamentos que deixaste”, observou, a sobrinha de Sousa.

Órfão de pai e mãe quando ainda muito jovem, João de Sousa nunca se deixou abalar e foi atrás daquilo que ele considera ser possível: tornar-se uma referência no jornalismo moçambicano e fazer chegar aos mais novos. O “the voice”, como também era conhecido, não deixa legado só para a classe jornalística, mas para o seu único filho, para quem sempre foi um modelo exemplar.

“Tu representaste o espírito de dedicação. Ensinaste-me que só muito trabalho e dedicação é que se pode tornar um sonho em realidade”, referiu o único filho de João de Sousa, na sua mensagem.

A versatilidade de Sousa na abordagem de vários assuntos de interesse nacional era umas das suas grandes qualidades, mas foi no jornalismo desportivo, onde mais se destacou.

“Pisaste quase todos os palcos, lavando-nos sempre contigo, sabias onde e com quem estava a bola, estavas ali no estádio, conhecias os jogadores todos, fizeste ecoar a sua vigorosa voz, exaltando sempre a moçambicanidade através do jornalismo desportivo e na confluência dos vários géneros jornalísticos, contando as mais heroicas conquistas desse país”, descreveu Adão Matimbe, presidente da Associação Moçambicana de Imprensa Desportiva.

Além de contar as mais heroicas conquistas deste país, João Baptista de Sousa sempre mostrou preocupado pelo bem-estar da classe jornalística, tendo feito parte do Conselho Deontológico da então Organização Nacional de Jornalistas.

“Ele se preocupava com a melhoria da qualidade do nosso jornalismo e o cumprimento escrupuloso de ética e deontologia do jornalista moçambicano. A morte de João de Sousa representa um duro golpe para o Sindicato Nacional de Jornalistas e, por via disso, dos profissionais da área, no geral”, lamentou Eduardo Constantino, secretário-geral do Sindicato Nacional de Jornalistas.

É, igualmente, um duro golpe para a Rádio Moçambique, uma vez que mesmo reformado, João de Sousa dava o seu contributo para a melhoria de prestação de serviços daquela empresa pública de comunicação social.

“Figura de qualidades ímpares, estilo radiofónico próprio, projectou a imagem da Rádio Moçambique dentro e fora do país a partir do profundo conhecimento dos temas que tratava, sua imponente voz, locução firme e a interactividade com os ouvintes”, elogiou o administrador da Rádio Moçambique.

Para os companheiros de rádio, a partida do “the voice” deixa um vazio na camada jornalística e muito legado por explorar. Por tudo que foi e o que representou para os moçambicanos, o secretário de Estado do Desporto diz não ter palavras para descrever a figura de João Baptista de Sousa.

“Foste um jornalista que fez muitos de nós ir ao estádio assistir a um jogo de futebol com o rádio na mão. Víamos com os nossos próprios olhos, mas só acreditávamos com a sua voz”, recordou Gilberto Mendes, secretário de Estado do Desperto, acrescentando que qualidades como as de Sousa não cabem em discursos, por isso, “mestre, muito obrigado…, até sempre”.

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