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Até sempre, Melita!

Morreu na madrugada de terça-feira, vítima de doença, a antiga basquetebolista da selecção nacional e do Maxaquene e Estrela Vermelha, Amélia “Melita” Gune. Gune foi campeã africana de clubes pelo Maxaquene, em 1991, numa equipa onde pontificavam estrelas como Aurélia Manave, Esperança Sambo, Marta Monjane, entre outras que fizeram estragos nas quadras.

À terra, somente entregou o seu corpo. Porque, diga-se, o talento nato de base armadora canhota e suas marcas ficarão para sempre registados nos anais do basquetebol moçambicano e africano.

Africano, sim senhor.

Pois, recuando no tempo, há registo da medalha de ouro ao peito no desfecho do campeonato africano de clubes, em 1991, em Maputo.

Feito que a colocou no “Mural da Fama” da Fiba-África que, em Outubro de 2011, homenageou as atletas que mais se destacaram no basquetebol feminino ao longo dos últimos 50 anos.

A Fiba-África prestou-lhe, na gala realizada em Bamako, Mali, tributo juntamente com outras atletas que pertencem a geração de ouro do basquetebol moçambicano: Aurélia Manave, antiga capitã da selecção nacional, Esperança Sambo e Joaquina Balói (geração de 1981 e 1990) e Telma Manjate (1991 a 2000).

Nessa mesma noite de reconhecimento, foram homenageados Freitas Branco, antigo presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol, e Marta Monjane, a nossa Martinha que com ela conquistou a medalha de ouro pelo Maxaquene, em 1991.

Em noite de distinções, em que o nome de Melita fez eco em Bamako, Moçambique foi eleita como a terceira melhor equipa da década 80-90 em femininos.

O espaço africano tornou-se pequeno para o seu talento. Tanto mais que, depois, rumou para o basquetebol americano onde deu cartas.

No limiar da sua carreira, há 14 anos, a diabete bateu-lhe a porta. E foi evoluindo, até que na madrugada de terça-feira derrotou-a aos 43 anos. Mas não apagou a sua obra que deverá servir de inspiração para novos valores do basquetebol moçambicano e não só.

Maldita diabete

Amélia Gune encontrava-se de férias no país há cerca de dois meses – residia nos EUA-, tendo passado mal no domingo, 18 de Fevereiro.

“Domingo, ela dizia que não se sentia muito bem. Sentia-se cansada e a temperatura não estava boa. Ela estava com gripe e tosses”, começou por explicar Luísa Mendes, irmã da malograda.

A situação agravou-se no dia seguinte, tendo a antiga atleta da selecção nacional sido  levada para a clínica do Hospital Central de Maputo (HCM).

“Queixava-se de tosse e já não conseguia controlar a diabete sozinha.  Ela tinha diabete que não era tipo 1 ou 2.  Não conseguia manter nem em cima nem em baixo.  Fomos à clínica e começaram por lhe dar oxigénio pois estava com muitas dificuldades para respirar. Os médicos fizeram de tudo, mas ela perdeu a vida”, explicou.

Gune deslocou-se ao país para participar, no dia 17 de Fevereiro, de uma cerimónia de comemoração dos 90 anos da sua avô que celebrara o aniversário três dias antes. “A avô é como se fosse uma mãe para ela. Ela viveu com a nossa avó. Estivemos juntas no sábado, fomos à missa e depois ao almoço”, contou.

Não tivemos ainda informação sobre o local onde terão lugar as cerimónias fúnebres.

“Ainda não se sabe muito bem pois ela não vivia cá em Moçambique. Falámos com o marido na terça-feira. Ele pediu que aguardássemos um bocado porque tinha que falar com os filhos e depois comunicava-nos. Ele ia contactar a embaixada dos EUA e esta ia entrar em contacto connosco para as devidas instruções. Hoje recebi uma chamada para me dirigir à embaixada dos EUA e proceder a entrega de documentos”, explicou Luísa Mendes.

 

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