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Artistas inauguram exposição e clamam pelas mesmas oportunidades que os homens

Foto: O País

Nossa voz é o título da exposição colectiva inaugurada esta terça-feira, na sala de exposições do Centro Cultural Moçambicano-Alemão, na Cidade de Maputo. A mostra junta obras de sete artistas moçambicanas.

O mês de Abril é sempre uma oportunidade para vários moçambicanos pensarem sobre a condição da mulher, em vários aspectos. Essa reflexão, na verdade, não começa e nem termina em Abril, mas, a estas alturas do ano, parece que há algo especial. Por isso mesmo, sete mulheres, nomeadamente, Aline Nobre, Huwana Rubi, Nália Agostinho, Lica Sebastião, Faira Beatriz, Nelsa Guambe e Carina Capitini juntaram-se para projectar o que consideram ser Nossa voz.

Mais do que um título de exposição colectiva, Nossa voz pretende ser uma espécie de missão, pois, ao longo dos anos, as artistas moçambicanas perceberam que, no país, as mulheres criativas não têm as mesmas oportunidades que os homens que também criam imaginários. Até nas artes, em particular, nas plásticas, há sempre “ismos” e “reticências” a separar o que o talento devia unir.
Assim, na sala de exposições do Centro Cultural Moçambicano-Alemão, na Cidade de Maputo, além de cores, telas e imagens, a colectiva Nossa voz vai, igualmente, funcinando como um grito colectivo no combate à subalternização das mulheres artistas. “Às vezes, estamos em algumas exposições, mas, quando as pessoas descobrem que quem pintou uma determinada tela foi uma mulher, aparece um certo tipo de exclusão”, afirmou Huwna Rubi, acrescentando que esse problema nota-se, inclusive, na forma como os artistas homens vêem as produções ou as capacidades femininas.

Concordando com Huwana Rubi, Aline Nobre foi sintética ao defender o que pretendem: “Queremos os mesmos espaços que os homens ocupam. Queremos que a nossa voz, as nossas cores e as nossas mensagens sejam transmitidas da mesma foma”. Para o efeito, acrescentou Faira Beatriz: “Queremos encorajar a mulher a falar da sua própria emancipacao. As artes dão-nos essa possibilidade”.

De acordo com Carolin Brugger, a Directora do Centro Cultural Moçambicano-Alemão, a exposição Nossa voz sugere muitas interpretações. Daí que sinta uma necessidade de acrescentar mais alguma coisa ao título, em jeito de provocação: “Gostaria de dar um subtítulo à exposição, que é ‘irmandade’, irmandade no sentido de solidariedade entre mulheres e na necessidade de cooperacao”.

A luta na conquista dos meus direitos para as mulheres artistas é longa e a sociedade moçambicana, segundo entendem as expositoras, deve participar no processo.
A colectiva Nossa voz pode ser visitada na sala de exposições do Centro Cultural Moçambicano-Alemao até 3 de Junho.

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