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Arrancam obras ligadas a novo corredor logístico no centro do país

As obras ligadas a um novo corredor logístico a região centro do país, avaliado em 3,2 mil milhões de dólares (2,9 milhões de euros), arrancam hoje com a ambição de promover a produção moçambicana e de criar um porto preferencial para o Malawi e Zâmbia.

"Há estudos preliminares e há boas conversas com os governos destes dois países", disse em entrevista à Lusa Orlando Marques, director executivo (CEO) da Thai Moçambique Logística (TML), empresa concessionária do corredor que terá um porto de águas profundas em Macuze, Zambézia, ligado a uma linha de férrea de 620 quilómetros até Chitima, Tete, interior do país.

"Macuze vai ser o porto mais próximo do Malawi e da Zâmbia", realça Orlando Marques citada pelo portal Notícias ao Minuto.

"Hoje, os principais portos que alimentam a Zâmbia são Dar-Es-Salaam [na Tanzânia] e Durban [África do Sul]", a mais do dobro da distância a que está Macuze, e é com esses que a TML pretende competir.

A construção do corredor – a cargo de um consórcio da portuguesa Mota-Engil com a chinesa CCEC – tem arranque previsto para 2020 e hoje é lançada a primeira pedra de obras que lhe estão ligadas: começa a construção da aldeia de reassentamento de Supinho para onde vai ser transferida a população que habita na zona de implantação do porto.

É "a fase zero do projeto", uma passo prévio à construção, cujo prazo de execução é de três anos e meio, explica o diretor executivo.

O corredor nasce no meio de outras duas linhas férreas já em funcionamento: o Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), que liga Moatize ao porto de Nacala, e o Corredor da Beira, que liga a mesma zona mineira de Tete à cidade da Beira.

Orlando Marques acredita que o projeto da TML tem os seus trunfos: um porto de águas profundas, de que a Beira não dispõe, e menos dependência de um só cliente, apontando a vocação de Nacala para escoar carvão da mineira Vale.

Transportar exclusivamente carvão também era a ideia inicial da TML, mas a desvalorização (com exceção do carvão metalúrgico, usado em siderúrgicas) e a pegada ambiental levou à reconfiguração do plano.
Agora, "em cima do carvão – que continua a ter importância estratégica -, temos todas as outras matérias-primas que existem em Moçambique e na Zâmbia", país de onde a TML quer ajudar a escoar minério.

"Há duas empresas chinesas que têm minas e interessa-lhes a logística", pelo que "estão a negociar a concessão de uma linha férrea" na Zâmbia até a um ponto onde se ligue ao corredor da TML.

Por outro lado, há uma aposta no potencial agrícola da Zambézia – que a linha "poderá ajudar a desenvolver" – e memorandos de entendimento já assinados com algumas entidades daquela região do centro de Moçambique.

Orlando Marques refere que a perspectiva é a de colocar novas cargas em trânsito, em vez de fazer concorrência às que já circulam nos outros corredores.

"Vamos fazer mais que um terminal de minérios" e manusear "carga geral, contentores, 'oil and gas' e granulado, como milho, soja ou trigo", descreveu.

Um novo parceiro financeiro, que será acionista, deverá ser anunciado ainda este ano e conferir solidez ao projeto, acrescentou o diretor executivo.

"Está em fase de 'due diligence' (verificação de requisitos). Mais um ou dois meses, esse nome já vai ser público", referiu, considerando que se trata de um "parceiro robusto com capacidade financeira para pôr o projeto em andamento".

Informa o Notícias ao Minuto, que ao nível de planeamento, o porto de águas profundas de Macuze (para embarcações com 21 metros de calado) – a cerca de 30 quilómetros de Quelimane, capital provincial da Zambézia – será uma frente de obra e a linha será outra – por sua vez repartida noutras secções.

"O trabalho mais difícil serão as obras de arte, ou seja, pontes e viadutos", a parte mais morosa da obra, porque "fazer uma linha férrea, com a tecnologia que existe, é bastante rápido e fácil", descreveu.
Uma ponte principal, com quase um quilómetro, vai atravessar o rio Chinde, já perto da costa, na zona onde se encontra com o rio Zambeze.

Outra ponte importante, embora mais curta, vai atravessar o rio Zambeze, a norte de Moatize – já junto à capital provincial de Tete, na província com o mesmo nome, notícia o mesmo portal.

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