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Arguido Pedro Taimo diz que não ficou com cheque de 4.4 milhões da DTM

Foto: O País

O arguido Pedro Taimo admite ter recebido um cheque de 4.400.000 milhões e 400 mil Meticais da Direcção do Trabalho Migratório dirigido à Mulher e Investimentos, empresa da qual a esposa é accionista. O antigo coordenador do gabinete do mineiro não se lembra de quem lhe entregou o cheque, nem se recorda da pessoa que recebeu na Mulher e Investimentos. Diz, entretanto, que o cheque lhe foi entregue por pessoas de má-fé que sabiam que, na nota de entrega, estaria o seu nome, daí ser levado ao tribunal.

Pedro Taimo é das figuras-chave na explicação do esquema que resultou no desvio de 113 milhões de Meticais da Direcção do Trabalho Migratório, embora tivesse sido pouco esclarecedor durante a audição de hoje, no julgamento do processo 51/2019, que envolve, também, a antiga ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo. Taimo era coordenador do Gabinete do Mineiro e, nessa qualidade, foi questionado se teve conhecimento do projecto de compra de 50 bicicletas para mineiros e seus familiares em Nampula, mas absteve-se de dar resposta. Disse, porém, que nenhum projecto podia avançar sem o conhecimento da então ministra.

Em Maio de 2014, Taimo teria recebido um cheque de 4.400.000 destinado à empresa Mulher e Investimentos. O arguido admite ter recebido, mas ter feito o devido encaminhamento.

“Bom, colegas da DTM entregaram-me um envelope para entregar à Mulher e Investimentos, queriam boleia porque eu estava a viajar para Gaza em missão de serviço. Nunca pensei que isso fosse problema porque não era para mim”, disse o arguido, mas a juíza que julga o caso, Ivandra Mausse, quis ter detalhes sobre quem passou o cheque ao arguido, ao que disse ter sido alguém do sector de Administração e Finanças.

“Meritíssima, passa muito tempo, não consigo recordar quem é a pessoa. Fiz chegar a quem é de direito. O cheque foi entregue a um funcionário da empresa Mulher e Investimentos, que se localiza no bairro Jardim, Cidade de Maputo. Eu não subi. Naquele caso concreto, quero confessar que houve má-fé. Se não fosse isso, depois de ser entregue o cheque aos destinatários, deviam devolver-me o termo de entrega. Passados esses anos todos, agora que estou desligado do Estado, estão a dizer que fiz desaparecer um cheque”.

O arguido, acusado de peculato, abuso de confiança e participação em negócios, foi também questionado sobre várias transferências feitas pela Direcção do Trabalho Migratório, mas disse não ser a pessoa certa para esclarecer o assunto.

Das informações deixadas pelo arguido Pedro Taimo, algumas vêm confirmar o que já tinha sido avançado, segunda-feira, pelo co-arguido Alfredo Lucas. Este dono da Indumobil disse ter fechado contrato com a Direcção do Trabalho Migratório para fornecer vários artigos e bens, mas não conseguiu mostrar o documento, alegando que tinha desaparecido com o seu então guarda-livros, já falecido.

Hoje, Pedro Taimo disse, em tribunal, que recebeu expediente no seu escritório, no qual tinha de assinar uma transferência para a Indumobil, com despacho da então ministra do Trabalho.

E, no fim da sessão, o Tribunal alterou o calendário das audições, sendo que a antiga ministra do Trabalho será ouvida no dia 29 de Março corrente, terça-feira. Para esta quarta-feira, não há sessão de julgamento.

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