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André Matsangaíssa Jr. abandona Junta Militar e diz que “deve haver paz no centro do país”

André Matsangaíssa Júnior, sobrinho do fundador e primeiro líder da Renamo, foi recebido esta segunda-feira pelo Presidente da República depois de render-se às Forças de Defesa e Segurança. Filipe Nyusi considera o acto um exemplo de que, em guerra, as vitórias não se conquistam apenas com o sacrifício de vidas.

Foi um dos “rostos” que apareceu ao lado de Mariano Nhongo na fundação da Junta Militar da Renamo. Agora, o sobrinho do fundador e primeiro líder da Renamo é um homem novo, que defende que “deve haver paz na região centro do país”.

É por essas e outras razões que sentou-se, ontem, ao lado do Chefe de Estado, Filipe Nyusi, na Presidência da República. Logo a seguir Matsangaíssa, membros da sua família e integrantes do Grupo de Contacto para o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração, presidido pelo Enviado Pessoal do Secretário-geral das Nações Unidas reuniram-se com o Presidente da República para falar sobre o processo.

O homem apontado como líder da frente Chibabava-Muxúnguè, durante os ataques atribuídos à Junta Militar da Renamo, disse que o objectivo que o trouxe a Maputo é da paz “que deve haver no centro do país, depois dos problemas que havia na região”.

André Matsangaíssa Júnior contou que após “ouvir os convites do embaixador (Mirko Manzoni) e do Presidente Filipe Nyusi, como pai, a pedir diálogo, preferi vir ao encontro (deles) para melhor diálogo, de modo a que não haja mais problemas na região centro”.

Aparentemente um homem de poucas palavras, André Matsangaíssa Júnior pouco ou quase nada fala sobre o papel que desempenhava na Junta Militar da Renamo e nos ataques que criaram insegurança nas províncias de Sofala e Manica. “Sobre isso vão ter a oportunidade de saber, em breve”.

Para o Presidente da República, o facto de Matsangaíssa Júnior ter-se entregue às autoridades é um exemplo de que em guerra, as vitórias não se fazem apenas com o sacrifício de vidas.

“Esta maneira pacífica como se fez, de ele (Matsangaíssa Júnior) voltar ao convívio é uma das maiores vitórias que nós podemos ter como moçambicanos”, afirmou o Presidente para quem “nem sempre as vitórias têm que ser conseguidas no plano operativo ou combativo”, afirmou Filipe Nyusi, acrescentando que a atitude de Matsangaíssa Júnior “é correcta” e é uma forma de “respeitarmos as nossas diferenças”.

Aliás, segundo o Chefe do Estado, as Forças de Defesa e Segurança sabem da existência de mais bases de pessoas que procuraram mostrar pensamento diferente por via armada.

Nyusi disse mais: “alguns estão na base de Dombe, na Base Bandja e mais outras bases. Actualmente estamos a falar mais das províncias de Sofala e Manica mas também tem uns núcleos em Tete ou em Niassa”. Por isso apela “precisamos que essas pessoas se juntem à razão, neste caso, do povo moçambicano para nós podermos desenvolver este Moçambique”.

Será este o fim da Junta Militar da Renamo? A esta questão, o Presidente da República respondeu que é um processo.

“Chegou uma fase onde os ataques quase pararam e gostaríamos que continuassem parados. Não estamos a dizer que acabaram, mas nós gostaríamos que acabassem. Mas esse é um passo, um passo que nós gostaríamos de acarinhar. É resultado de um diálogo positivo, onde as pessoas se contactam permanentemente, através de diferentes meios. Não precisamos muito de estar a fazer barulho. Não precisamos de falar muito, precisamos mesmo é de fazer coisas para que o moçambicano viva bem, na tranquilidade”, terminou.

Matsangaíssa Júnior é o terceiro homem próximo a Mariano Nhongo a render-se, nos últimos meses, depois de João Machava, antigo porta-voz da Junta Militar e Paulo Nguirande, chefe do Estado Maior da organização.

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