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Analista Abdula Manafi diz que Afeganistão não capitalizou experiência estrangeira

A falta de confiança do Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, em membros do seu Governo e a falha na filosofia do treinamento das forças militares locais, podem ter contribuído para a tomada do poder pelos talibãs.

O posicionamento foi manifestado esta segunda-feira pelo especialista em assuntos do Médio Oriente, Abdula Manafi, baseado em Cazaquistão.

Manafi começa por descrever alguns antecedentes que foram desenrolando no panorama político no Afeganistão. Abdula Manafi apontou, por exemplo, a forma com que foram conduzidas as eleições que levaram Ashraf Ghani ao poder do país.

Afirmou que em 2014, houve várias vozes que contestavam os resultados dos pleitos eleitorais a favor de Ashraf Ghani. Mas as hipóteses sobre o fracasso do líder não param por aí.

Manafi aponta, igualmente, que a presença militar estrangeira no Afeganistão parece ter tido uma atitude apenas proteccionista e que não houve um treinamento adequado das forças de defesa e segurança internas.

“Houve suspeitas de fraude na sua eleição. Mas também é importante dizer que para os ministros da Defesa e do Interior era muito difícil se mantiverem no poder e muitas vezes essas substituições aconteciam por que o Presidente tinha sempre receio dos seus dirigentes”, disse Abdula Manafi.

A ameaça terrorista no Afeganistão dura há décadas e foi sendo contida com a presença de forças estrangeiras, as dos Estados Unidos de América, por exemplo.

Sobre a legitimidade do Governo de transição no Afeganistão, Abdala Manafi, que falava no Programa Noite Informativa da STV Notícias, disse que as potências mundiais são determinantes para o reconhecimento do poder dos talibãs.

“Se por ventura, países como Estados Unidos, China e Rússia reconhecerem o poder dos talibãs no Afeganistão, aí sim, podemos ver outros países a aceitarem, em espiral o Governo de transição”, sublinhou Abdula Manafi.

As forças talibãs ocuparam a capital do Afeganistão, Cabul, no passado domingo. Antes de lá, tomaram controlo de 28 das 34 capitais provinciais em dez dias, numa ofensiva iniciada no passado mês de Maio, altura em que começou a retirada das tropas estrangeiras do país.

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