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Ana Magaia e Cheny Wa Gune in Quando o mundo virar no Franco

Ana Magaia e Cheny Wa Gune apresentam leitura dramatizada com música às 18h30 de sexta-feia, no Facebook e YouTube do Centro Cultural Franco-Moçambicano.

 

Quando em Junho de 2015 o Grupo SOICO homenageou Paulina Chiziane, pelos 25 anos de carreira literária e 60 de vida, Ana Magaia e Cheny Wa Gune não imaginaram que o texto Quando o mundo virar pudesse ser tão actual cinco anos depois. Na cerimónia concorrida, realizada no Centro Cultural Universitário da UEM, a actriz e o músico estiveram com os Timbila Muzimba e a apresentação não poderia ter sido tão… arrepiante.

Agora, eis que um bichinho invisível a olho nu chega para pôr em causa a existência humana, quase como repto ao texto Quando o mundo virar, original de Paulina Chiziane com adaptação, dramaturgia e interpretação de Ana Magaia e com música de Cheny Wa Gune. Diante da actual situação, os dois artistas resolveram recuperar aquela narrativa tão cheia de histórias, para a apresentar através do Facebook e do YouTube do Centro Cultural Franco-Moçambicano. A “estreia” dessa nova leitura dramatizada vai acontecer esta sexta-feira, às 18h30, e, durante meia hora, vai levar ao público uma proposta de reflexão sobre vários aspectos atinentes à maneira como o Homem maltrata o planeta terra.

Ao contrário da apresentação feita há cinco anos, a versão de Quando o mundo virar a ser exibida pelo Franco-Moçambicano foi filmada em estúdio, e, quer a musicalidade, quer a dramaturgia, obviamente, foram melhoradas. A peça, garante Cheny Wa Gune, vai despertar emoções, sensações e reações simultâneas nos que forem a ver, com momentos de pausa e de avanço. “Este texto que se enquadra bem neste período de pandemia, ao remeter-nos a uma reflexão profunda sobre como devemos nos reinventar, demonstra-nos como podemos levar o mundo a bom porto”.

Também por isso, Cheny Wa Gune acredita que o público vai conseguir embarcar numa viagem proposta por Paulina Chiziane, e, agora, tendo ele e Ana Magaia como cicerones. “Esta peça servirá de ingrediente para aquecer os corações das pessoas e dar-lhes uma luz de esperança, ou seja, Liwoningo.

De acordo com o músico, a interdisciplinaridade da peça que envolve literatura, teatro e música quer dizer alguma coisa: que as artes nunca se separaram, andam sempre em paralelo. Com um trabalho tão plural, afirma Cheny, “não há mais nada que procurar”.

A nova versão de Quando o mundo virar é resultado de 10 ensaios, e o Centro Cultural Franco-Moçambicano decidiu inserir a peça na sua programação por entender que o tema abordado é pertinente e atemporal. De igual modo, para o Franco, esta é uma das maneiras de, num contexto tão estranho quanto este, encurtar a distância com o público. É difícil, certamente, mas sempre é uma forma de “nos aproximarmos até de um público mais alargado”.

 

Excerto de Quando o mundo virar, de 2015

“Quando o mundo virar e o outro começar, os animais serão mais poderosos. Quem mata os animais por desporto, quem destrói a natureza, irá pagar pelos seus actos. Quando o mundo virar, os animais também farão churrascos aos fins-de-semana; os cabritos levarão as pessoas aos pastos; os cavalos irão atrelar carruagens e carroças nos dorsos dos homens”.

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