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Alunos interditos de assistir às aulas por falta de pagamento do “dinheiro de guarda”

Foto: O País

Centenas de alunos da Escola Primária Completa Unidade 19, na Cidade de Maputo, não assistem às aulas porque os pais e encarregados de educação não pagaram o dinheiro para o salário dos guardas. Na mesma instituição, há crianças cujos pagamentos já foram feitos, mas também são impedidos de assistir às aulas. 

Enquanto uns vão à escola, outros da mesma escola ficam na rua a brincar porque os seus pais e encarregados de educação não pagaram os duzentos Meticais, anuais, exigidos pela Escola Primária Completa Unidade 19 para o pagamento do salário do guarda. “Um dos meus educandos, que está na segunda classe, o nome já consta da lista, e outro o nome não está lá porque não paguei ainda o dinheiro do guarda, por isso não vai assistir às aulas”, disse Felismina Macandzi.

E mais, alguns dos pais agastados com esta situação dirigiram-se à Escola Primária Completa Unidade 19 com os seus filhos, na manhã desta sexta-feira, para verificar se os nomes dos educandos constam das listas.

Quando se aproximaram à vitrina da escola, ficaram decepcionados porque, apesar de já terem pago o dinheiro exigido pela escola, continuam sem saber em que salas os filhos vão assistir às aulas. E acusam o estabelecimento de ensino de desorganização. Tenho minha sobrinha e filha aqui na escola e, mesmo depois de ter pago o dinheiro de guarda, a criança continua sem acesso às aulas”, disse Rosa Eduardo que estava na companhia dos seus educandos.

Riana Nunes, uma encarregada de educação, está na mesma situação, já passam três dias que vai à escola dos filhos, mas sem sucesso.

Francisco Honwana também pagou o valor exigido para o guarda da escola, e questiona o facto de o mesmo não estar reflectido no documento que traz nas mãos.

A Direcção da Escola Primária Completa Unidade 19 negou de prestar declarações à nossa reportagem, mas explicou que para o caso dos alunos cujos nomes não constam das listas os seus pais e encarregados demoraram fazer a matrícula e, quanto a cobrança do dinheiro do guarda, a Direcção da escola diz ser assunto da competência do Conselho de Escola.

Este é apenas um exemplo do que acontece em diferentes estabelecimentos de ensino público no país e não é recente. O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, através da sua porta-voz, Gina Guibunda, diz que está a par da situação e esclarece que o pagamento da contribuição para os guardas das escolas não é obrigatório.

“Pelo resultado dessas discussões, define-se que o aluno pode contribuir para ajudar a minimizar os problemas da escola. Agora esse não deve ser o motivo para que o aluno não assista às aulas”, afirmou.

Enquanto não é ultrapassado esse diferendo, as crianças que não pagaram o dinheiro do guarda estão a perder aulas.

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