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Alguns passeios na Cidade de Maputo degradam-se precocemente

Há passeios reabilitados a menos de cinco anos que já se apresentam em estado de degradação, na Cidade de Maputo. O facto é despoletado 24 horas depois de a Ordem dos Engenheiros ter apontado a má formação e corrupção, como parte das causas da baixa qualidade das obras públicas. No entanto, a Edilidade garante que os passeios em reabilitação, na Guerra Popular, vão durar mais tempo.

Embora os passeios das avenidas Mao Tsé Tung, Felipe Samuel Magaia e 24 de Julho, reabilitados há cerca de cinco anos, tendam a degradar-se, a edilidade está, neste momento, a restaurar vias como as avenidas Guerra Popular, do Trabalho e Julius Nyerere, que, durante vários anos, não eram intervencionadas de vulto.

O director para a Área de infra-estruturas no Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Saturnino Chembezi, garante que, neste caso, o cenário será diferente.

“Nós esperamos que, nos próximos dez anos, havendo boa conservação, manutenção e bom uso por parte de todos, não tenhamos problemas nesta obra. Poderá haver uma e outra intervenção pontual”, referiu o gestor.

Ao longo da Avenida Guerra Popular, os comerciantes aplaudem a iniciativa, porém falam de redução de clientes devido ao bloqueio das entradas das lojas, o que prejudica os seus negócios, tal como José Matsinhe, que apresenta soluções.

“As obras deviam decorrer no período nocturno, pois há redução da circulação de pessoas e viaturas”, explicou o comerciante.

Enquanto a Guerra Popular ganha novo rosto, nas avenidas Mao Tsé Tung, Felipe Samuel Magaia e 24 de Julhos, há buracos e até formação de crateras, o que preocupa os munícipes desta autarquia.

Baptista José trabalha na Cidade de Maputo há mais de cinco anos e presenciou a reabilitação dos passeios em alguns pontos da urbe, por isso, ao ver as condições actuais, lamenta.

“Os passeios não levaram sequer um ano em bom estado. Imediatamente, começaram a degradar-se. Há buracos por toda a parte. Alguns de tão grandes que são, em dias de chuva, acumulam água e dificultam a circulação das pessoas”, disse José.

A situação repete-se na Avenida 24 de Julho, onde a edilidade “mexeu”, igualmente, nos passeios centrais. Nesta via, encontramos Helder Macie que, para além de lamentar, questiona a qualidade dos empreiteiros.

“Vamos atirar a culpa aos empreiteiros que, ao receber os fundos, adquirem material de baixa qualidade”, disse.

Aliás, a questão dos empreiteiros foi levantada pelos ministros das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Carlos Mesquita, e da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, que falavam, segunda-feira, num encontro entre os engenheiros e o Chefe de Estado, no âmbito da comemoração dos 20 anos da Ordem dos Engenheiros, tendo defendido que a falta do licenciamento dos empreiteiros e a existência de universidades com laboratórios antiquados estão na origem da má qualidade das obras públicas.

Por sua vez, a edilidade, através do director para a área de infra-estruturas no Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Saturnino Chembezi, disse desconhecer as causas da degradação precoce dos passeios em alusão.

“Não tenho todo o conhecimento necessário para justificar a degradação das obras em dois ou três anos. Deve ter havido alguma coisa que, obviamente, correu mal e poderá ser investigada ou avaliada”, justificou Chembezi.

As obras de reabilitação dos passeios laterais e centrais, na Avenida Guerra Popular, em curso desde Janeiro do presente ano, estão orçadas em mais de 600 milhões de Meticais e incluem sistemas de drenagem e saneamento. A sua conclusão está prevista para o fim do corrente ano. 

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