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Algumas razões do abulicismo no desporto

Felizmente o clube HCB reestruturou-se e passou a União Desportiva do Songo, passo importante para que a população daquela laboriosa vila e os habitantes de Tete se sintam representados. Com o bi-campeonato no seu palmarés, e uma carteira internacional positiva, importa agora criar uma mística, a condizer com o investimento.

Vitórias, atletas e dirigentes emblemáticos, serão a chave que produzirá adeptos ferrenhos e leais ao clube tetense. Algo que já se passa com o Chibuto, onde os “guerreiros” mobilizam e catalisam toda uma região, estimulando a felicidade de ser chibutense, gazense e, numa escala ascendente, o orgulho pela moçambicanidade. Por esta ordem.

Algo idêntico deverá acontecer com a ENH, empresa vocacionada para a exploração de hidrocarbonetos, cuja designação e objectivos deverão passar por representar uma região e não apenas uma empresa.

Há outros casos a repensar. A turma da Autoridade Tributária, que detém o estatuto de “papa-títulos” no voleibol ou a Petromoc, cuja equipa domina o futsal. Uma coisa é a recreação e a competição entre empresas e núcleos surgidos a partir de “carolas”, outra é pôr uma instituição ou empresa a representar distritos, províncias ou mesmo a nação, na alta competição.

Torna-se difícil e até ridículo, um moçambicano explicar que o seu  campeão, para além de se dedicar à colecta de impostos, também faz alta competição ao ponto de representar o seu país. Algo raro, senão inédito no planeta.
 
“CASAMENTO” COM VANTAGENS MÚTUAS
 Os CFM, desde longos anos vêm sendo patronos dos Ferroviários, com “balizas” que parecem bem claras. O clube criou espaço e mística através das suas cores, adeptos e tradição.

Mas no nosso país, vivemos um paradoxo difícil de entender.
Vejamos dois exemplos: clubes com tradição secular, como são o Desportivo e 1.o de Maio de Maputo, com património e história de resistência à colonização, encontram-se nas ruas da amargura. Há um estudo que indica que o salário de dois jogadores dos grandes do Moçambola, pagaria todas as despesas de sobrevivência de uma destas colectividades.

O que seria razoável e benéfico para o país?
Que as grandes empresas e empreendimentos, ao invés de criarem clubes desportivos que pouco têm a ver com a sua carteira de acção e vocação, se envolvessem e patrocinassem colectividades que já têm vida própria, mística e adeptos.

Aqui, claramente, o “dedo”do Estado deveria ser bem mais forte, uma vez que a maior parte das ditas empresas até vivem dos impostos dos cidadãos e como tal, o seu envolvimento seria para beneficiar um todo e não o ego de alguns.

Numa altura em que há “mega” projectos à vista, é uma boa oportunidade para se projectarem parcerias/compromissos sólidos e que não dependam das paixões dos PCA's, para alavancar clubes e competições. Com benefícios mútuos.

É isto que acontece um pouco pelo mundo e em que, para não sermos uma “ilha' nos devemos inspirar.
 

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