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Ainda há famílias sem televisão por causa do apagão do sinal analógico

Foto: O País

Três semanas após a primeira fase do apagão do sinal analógico, há, ainda, famílias, na Cidade de Maputo, que continuam sem ver televisão através do sinal digital. As mesmas queixam-se de falta de condições financeiras e não sabem até quando irão continuar sem ver televisão.

Esta pode ser a dita exclusão que se temia com o processo de migração, cuja primeira fase terminou a 30 de Setembro passado, nas Cidades de Maputo, Tete e Nampula.

Argentina Alberto, idosa de 70 anos, viúva, vive com seis netos, todos menores de idade. É a partir de uma pequena banca que tem em frente de casa que tira o sustento para família.

Segundo a idosa, o negócio está difícil e rende muito pouco e, por falta de dinheiro, acaba por tirar os produtos da sua banca para alimentar os seus netos e, por isso, considera a migração digital mais um encargo para si.

“Agora não assistimos a nada desde que o Governo cortou o sinal de televisão. Antes assistíamos com ajuda da antena que temos no topo da casa, mas, agora, dizem que, para vermos a televisão, precisamos de comprar descodificadores e eu não tenho esse dinheiro”, lamentou.

Indignada, defendeu a necessidade de o “Governo arranjar uma solução para não excluir os pobres. Eu só tenho pena dos meus netos que não podem assistir, porque não tenho condições”.

A família da idosa não é a única na situação. Júlia Vicente, residente no bairro Luís Cabral, é uma das “vítimas” do apagão e disse que, quando liga a televisão, a única visão que tem é a imagem de cor azul, ou seja, não se diverte, não se informa, nem se forma através da televisão.

O pior é que nem sabe quando voltará a ver televisão na sua casa.

“Para assistir, vou à casa da minha vizinha. Eu já sabia que haveria esse apagão, mas eu não trabalho, o meu marido é o único que trabalha e recebe muito pouco, o valor não chega nem para comprar comida, então não temos nem como comprar esse descodificador, nem sei quando iremos comprar”, contou.

Alexandre Langa, outro munícipe na mesma situação, defende que, antes da migração digital, o Governo deveria ter-se certificado que nenhuma família ficaria excluída do processo, para só depois avançar com os planos de migração digital.

“Caso contrário, eles deviam subsidiar a compra desses decoders, porque não faz sentido ficarmos sem ver televisão só porque não temos condições”, concluiu Langa.

A segunda fase do processo de migração digital termina a 31 de Dezembro deste ano.

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