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Afinal Samuel Sião Mendes jogou no Desportivo com BI moçambicano!

A saga ainda está a meio! O futuro ainda é uma incerteza! A FMF ainda tem a batata quente por descascar! O caso “Samuel Sião Mendes” parece estar longe do seu final.

O jogador em alusão fez declarações bombásticas em entrevista concedida ao RM Desporto, esta segunda-feira, onde contou a história da troca da nacionalidade.

Segundo Samuel Sião Mendes, tudo começou quando vivia no bairro da Liberdade,cidade da Matola, onde foi descoberto por dirigentes do Clube de Amigos da Matola, que o sugeriram que fosse treinar na colectividade, que na atura disputava o campeonato provincial. Entretanto, os dirigentes do Clube de Amigos encontraram objecção para colocar o jogador a jogar, em virtude de não ser moçambicano e não possuir documentação para o efeito, já que o documento que devia vir do Gana demorava a chegar. Samuel conta que os dirigentes do Clube de Amigos “maquietaram” para que o mesmo tivesse um documento moçambicano para poder jogar na equipa.

Na entrevista ao RM Desporto, Samuel Sião Mendes conta que os dirigentes do Clube de Amigos levaram-no a tratar a documentação moçambicana. “Eles me disseram que iam tratar cartão para eu conseguir jogar aqui. Como eu queria trabalhar e eles disseram que era cartão, aceitei. Então alguém me levou para um sítio que fazem BI e chegados lá mandou-me sentar e disse ‘estou a vir’. Logo a seguir entrou o treinador e disse que iam me chamar. Então me chamaram e me mandaram sentar numa cadeira que estava a frente do computador e disseram para assinar e sair sem falar com ninguém”, conta o jogador.

Samuel Sião Mendes esclarece que sentiu medo, mas a vontade de jogar falou mais alto que a razão e acabou aceitando todas condições impostas pelos dirigentes do Clube de Amigos, aos quais não chegou a mencionar seus nomes: “Eu calei e fiz tudo que eles me disseram para fazer e depois me deram um papel muito grande a dizer que já tem meu cartão para eu conseguir trabalhar”, esclarece o jogador.
 
Passagem pelo Desportivo Maputo
Mais tarde, já integrado no Clube de Amigos da Matola, veio a proposta de jogar pelo Desportivo Maputo. “Depois de tudo, o Desportivo veio no Clube de Amigos para me levar. O treinador era João Chissano e me levou no Clube dos Amigos”, começa por contar Samuel Sião Mendes a sua saga pelos “alvi-negros”. Com a turma ora orientada por João Chissano a chamar pelo jogador, este assinou contrato de seis meses “onde fiz dois jogos oficiais, contra a UD Songo e Estrela Vermelha”. Mas, segundo o jogador “o Desportivo não me pagou os seis meses que fiquei lá, mas eu fiz dois jogos para eles”, disse indignado o atleta, dando a perceber que já tinha o Bilhete de Identificação moçambicano quando foi jogar pelo Desportivo.
 
A saída do Desportivo para o Macuácua
Samuel Sião Mendes diz que sente mais moçambicano do ganês, uma que “a minha esposa é moçambicana e toda minha família está cá. Casei em Vilankulos e sou mais moçambicano”. E é com essa convicção que o jogador procura ilibar a Associação Desportiva de Macuácua de todas acusações que pendem sobre o clube. Aliás, foi mesmo para justificar a sua ida a Gaza e na qual realizou uma excelente época, tendo ajudado a vencer os dois jogos diante do Desportivo Maputo, bem como a garantir o primeiro lugar da Associação Desportiva de Macuácua no campeonato da segunda divisão, zona sul, com 47 pontos contra 36 do Desportivo e 33 do Estrela Vermelha, antes da deliberação do Conselho de Disciplina da Federação de retirar pontos do Macuácua nos jogos em que o jogador esteve em acção. “Não é Macuácua que fez BI para mim. Macuácua não sabe nada de nenhum BI”, desabafa, em jeito de defesa, Samuel Sião Mendes, que jogou nas vitórias da Associação Desportiva de Macuácua diante do Desportivo (1-0 e 0-1 nas duas voltas), Estrela Vermelha (0-2), Ferroviário de Gaza (0-1), Académica de Maputo (2-0), Águias Especiais de Maputo (0-2), ESFA de Boane (1-0) e Clube da Manhiça (0-3 e 1-0 nas duas voltas).

Entretanto, após deliberação do Conselho de Disciplina, à Associação Desportiva de Macuácua foi retirado os 27 pontos das nove vitórias em que o jogador jogou, tendo a classificação sido actualizado com o Desportivo a assumir a liderança e o Macuácua a desce para a nona posição, com 20 pontos.
 
Macuácua chamado para esclarecimentos esta tarde
Depois da deliberação do Conselho de Disciplina da Federação Moçambicana de Futebol, a Associação Desportiva de Macuácua exigiu a anulação da decisão por considerar improcedente e remeteu recurso junto do Conselho Jurisdicional do organismo que tutela o futebol moçambicano.

Entretanto, o órgão jurisdicional da FMF enviou uma carta, semana passada, a Associação Desportiva de Macuácua, com conhecimento da Associação de Futebol da província de Gaza, a convidar um membro da equipa de Gaza para prestar esclarecimentos em torno do caso, numa audiência que terá lugar esta tarde, na casa do futebol.

Na carta, o Conselho Jurisdicional da Federação Moçambicana de Futebol, que assume que a audição é para uma melhor, legal e mais justa decisão, apela para que o representante do Macuácua esteja acompanhado pelo jogador em referência, de modo que o mesmo possa esclarecer os contornos que garantiram que fosse detentor do BI moçambicano, quando é estrangeiro, de nacionalidade ganesa.

Na carta, datada de 23 de Janeiro corrente, o Conselho Jurisdicional escreveu que

“vimos por este meio convocar um representante da ADM para se apresentar junto do CJFMF, no próximo dia 29 de Janeiro, às 12H00, na sede da FMF, para responder à questões relacionadas com o assunto epigrafado”, no caso concreto o caso “Samuel Sião Mendes”.

Facto é que esta novela que envolve o Desportivo Maputo e a Associação Desportiva de Macuácua, com Samuel Sião Mendes, outrora Samuel Siaw, está longe do seu epílogo, devendo o capítulo desta tarde trazer, apenas, mais detalhes para a solução do caso.

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