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Administradores garantem: “É nos distritos que os jovens encontram oportunidades para estender os seus talentos”

Nesta terceira edição do MOZEFO Young Leaders, iniciativa da Fundação SOICO, mais uma vez, os administradores dos distritos defenderam as suas posições sobre a participação dos jovens no processo de desenvolvimento do país. Os convidados ao debate foram Baptista Carneiro, Administrador da Maganja da Costa, e Edson Lino, Administrador de Balama.

Baptista Carneiro e Edson Lindo, administradores da Maganja da Costa (Zambézia) e Balama (Cabo Delgado), respectivamente, defenderam, na tarde desta quarta-feira, que os jovens moçambicanos devem procurar aproveitar as oportunidades que os distritos nacionais oferecem.

Numa sessão da terceira edição do MOZEFO Young Leaders, evento organizado pela Fundação SOICO (FUNDASO), os dois administradores mencionaram as acções que têm implementado para que os jovens, quer os formados, quer os sem formação tenham possibilidades de evoluir e, assim, contribuírem para o desenvolvimento económico e social de Moçambique.

Num debate subordinado ao tema “Jovens excluídos por assimetrias geográficas”, Baptista Carneiro e Edson Lino mencionaram as acções que os seus governos distritais têm materializado de modo que funcionem como focos do tão almejado progresso. Dos dois, o primeiro a intervir num debate moderado pelo jornalista Boaventura Mucipo foi o administrador da Maganja da Costa. De acordo com Carneiro, aquele distrito da Zambézia tem se dedicado em aumentar a formação técnico profissional dos jovens, de modo que, assim, apreendam conhecimentos imprescindíveis para o crescimento individual e colectivo. “A nossa primeira luta é a própria equidade dos jovens. Assim, acreditamos que teremos uma juventude com uma postura mais acertada no futuro. O que tentamos fazer aqui no distrito é que os jovens, através dos seus conhecimentos, possam produzir”. Para o efeito, sublinhou o Administrador da Maganja da Costa, o empreendedorismo é estimulado, o que condiz com a abertura de regadios que fomentam a prática agrícola. “Assim, esperamos que os jovens saiam do gabinete para a prática, apostando no turismo, por exemplo. O saber fazer é importante porque amplia as perspectivas dos jovens”.

E porque o saber é sempre prioritário, o Governo do Distrito da Maganja da Costa interessa-se na formação e capacitação da juventude, fundamental para se vencer assimetrias geográficas. “Nós abrimos vias de acesso, construímos infra-estruturas e escolas técnico-profissionais para ajudar os jovens a terem mais conhecimentos. De igual modo, financiamos associações que têm ideias para produzir em vários campos, como na mineração, no turismo e na agricultura, porque não é possível o país conseguir garantir emprego para todos”.

Baptista Carneiro entende que os jovens devem saber definir o foco e as suas oportunidades. Sobretudo no interior do país, por ser lá onde se encontram as oportunidades para se estender os talentos. “O jovem deve ser o motor activo do desenvolvimento do país”, lembrou. “Queremos convidar os jovens para investirem em si próprios, no sentido de missão, de modo que as gerações vindouras possam se orgulhar do legado deixado”. De contrário, “não vamos desenvolver o país com pessoas que apenas estão à espera de analisar aquilo que está errado, mas que nunca analisam o que está certo”.

Na sua intervenção, Edson Lino, Administrador do distrito de Balama, na província de Cabo Delgado, afirmou que o grande desafio, primeiro, é “mantermos no distrito os jovens que já cá estão, o que temos feito através de interação constante com a nossa juventude, com a criação de políticas de investimentos público”.

O distrito de Balama mapeou 150 negócios nos quais a juventude pode investir com sucesso. Nos próximos meses, o Governo local irá desenhar o plano estratégico de desenvolvimento e promover o que consideram oportunidades para os jovens. “Nós queremos fazer uma nova narrativa, que demonstra que é possível vivermos bem no distrito, com criação de pequenos negócios. Criamos facilidade de acesso, de criação de empresa, de acesso à água, à electricidade e à formação. Em Balama temos um instituto de formação profissional. Se cada jovem pagasse a totalidade do curso, lhes custaria entre 80 a 90 mil meticais. Como o Governo subsidia, os jovens pagam entre 4 e 7 mil meticais, dependendo do curso. A ideia é que os jovens tenham habilidade no bem-fazer. Não queremos mapear os problemas, queremos encontrar as soluções.
Estamos a formar carpinteiros, canalizadores, e etc., que estão a integrar-se no mercado. Também temos jovens formados pela universidade que estamos a atrair para o distrito. Por exemplo, temos oportunidade para os jovens exercerem a comercialização, com facilidades. O que deve acontecer é os jovens terem a coragem de sair de grandes centros urbanos e virem ao distrito, onde existem muitas oportunidades em diferentes áreas”.

À imagem do que Baptista Carneiro disse, Edson Lino realçou que é urgente todos contribuírem para potenciar os distritos e impedir a repetição de algumas coisas que não fazem sentido. Por exemplo, que o tomate saia dos distritos em bruto. “É preciso trazer o conhecimento ao distrito, de modo que o processamento e a embalagem garantam que exportamos o produto como Tomate de Balama. O mesmo devemos fazer com o milho e com outros produtos que devem gerar renda para o distrito, que nos possam ajudar a investir em infra-estruturas. Temos de trazer o conhecimento para transformar as comunidades que estamos a liderar. Trazer uma nova visão de bem comum”, finalizou Edson Lino.

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