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Adelino Buque e Francisco Mazoio vão “enfrentar” Banco de Moçambique

Adelino Buque e Francisco Mazoio são parte dos seis acusados pelo Banco de Moçambique de ter tido uma gestão danosa no extinto Nosso Banco.

Ambos discordam das sanções e já interpuseram recurso ao tribunal.

Instalado braço-de-ferro entre pelo menos dois dos seis antigos gestores do extinto Nosso Banco e o Banco de Moçambique. São eles Adelino Buque e Francisco Mazoio.

Foi no dia 09 deste mês que o Banco de Moçambique publicou uma lista de ex-gestores do Nosso Banco que deverão ser sancionados por suposta gestão danosa naquele Banco detido pelo Instituto Nacional de Segurança Social (77.2%) e pela Electricidade de Moçambique (15.1%).

As sanções aplicadas pelo Banco Central ascendem a uma multa de 500 mil meticais e três anos sem ocupar cargos sociais e funções de gestão em instituições de crédito e sociedades financeiras.

A lista é constituída por Mariano Matsinha, Tomás Roque, Mussa Bashir Tembe, Jaime Mutolo, Adelino Buque e Francisco Mazoio, actual PCA do INSS, estes dois últimos entendem que não há razões para que lhes sejam imputadas tais sanções.

“Pessoalmente não reconheço que tenha havido esse grau de infracção que sou imputado, e, por conseguinte, não vejo por que teria de pagar multas”, revelou Buque, esta terça-feira, em entrevista exclusiva ao jornal O País.

O ex-gestor explica que, aliás, nem devia estar nessa lista porque não teve nenhuma participação no desmoronamento do negócio do Nosso Banco.

“Eu estive no Banco Mercantil de Investimentos (BMI) e quando se transitou para o Nosso Banco eu já não estava lá”, esclarece Buque repisando que o “Banco de Moçambique conhece o histórico do BMI e não vejo por que hoje levantar esta questão”.

O mesmo pensamento tem Francisco Mazoio que diz que abandonou o Conselho de Administração daquele banco há “muitos anos” e não entende a razão por que o Banco de Moçambique aparece agora para o “penalizar e cobrar 500 mil”. Tão insatisfeitos com a decisão que já interpuseram um recurso ao tribunal. Adelino Buque diz esperar que o tribunal possa levantar as sanções que o obrigam a pagar multas.

O também empresário do ramo agrícola diz, aliás, que não tem a mínima “vontade de pagar” essas multas. Mas, “se os tribunais chegarem à conclusão de que há essa responsabilidade, naturalmente que não terei outra alternativa que não seja cumprir com essa obrigação”.

O mesmo posicionamento tomou Francisco Mazoio, que falava ao jornal O País via telefone celular. “Eu fiz o mesmo que Adelino Buque. Fiz o recurso legal”, comentou recusando a aprofundar a questão.

O Nosso Banco, SA, foi encerrado por ordens do Banco de Moçambique em Novembro de 2016, devido à falta de capitalização, de uma estrutura económico-financeira sustentável e a graves problemas de liquidez e de gestão.

À data da sua dissolução e liquidação, o Nosso Banco era liderado por João Loureiro, um antigo quadro do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), este que não consta da lista dos sancionados.

Depois de encerrado, foi criada uma comissão liquidatária, onde foram pagos os clientes que tivessem menos de 20 mil meticais nas contas, ficando para mais tarde o reembolso do restante.

O valor dos reembolsos foi conseguido pela Comissão Liquidatária do Nosso Banco através da venda das participações financeiras que a instituição bancária tinha na SIMO – Sociedade Interbancária de Moçambique, venda de activos tangíveis como viaturas, equipamentos informáticos, venda de agências bancárias e outros imóveis, venda de créditos a outros bancos e cobrança de dívidas aos mutuários.

Ao todo, o extinto-banco tinha pouco mais de cinco mil contas bancárias de clientes particulares e cerca de 700 de empresas.
Ainda este ano o Nosso Banco anunciou que ia começar a pagar os grandes clientes, ou seja aqueles cujos depósitos estivessem acima dos 20 mil meticais.  

Enquanto isso… Matsinha pagou tudo

O também sancionado Mariano Matsina já pagou toda multa e fê-lo este mês de Janeiro.

Mas isso não quer dizer que ele concorde com as sanções, muito pelo contrário: não concorda e também tentou recorrer, mas diz que o seu recurso não foi aceite porque fê-lo “extemporaneamente”.

Diante disto, já quase sem opções nenhumas, Matsinha diz que foi pagar toda multa e já está limpo. Mariano Matsinha justifica dizendo que já não está em tempo para “seguir estas situações”.

O antigo gestor deu a entender que está no mesmo pensamento que Buque e Francisco Mazoio, mas já pouco lhe interessam batalhas desta natureza. “Já não tenho idade para isso”.

 

 

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