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Actividades de “Mukheristas” tende a normalizar após protestos na África do Sul

Importadores informais de mercadorias, vulgos “Mukheristas”, dizem que sua actividade tende a normalizar, com o fim dos protestos contra a prisão do ex-presidente sul-africano, Jacob Zuma. Já os transportadores ainda queixam-se de falta de passageiros.

Há cerca de duas semanas, a África do Sul foi palco de protestos contra a prisão do ex-presidente sul-africano, Jacob Zuma, marcados por uma onda de violência acompanhada por pilhagem e vandalismo.

Pela proximidade e dependência económica, Moçambique ficou afectado pela situação, tendo muitos importadores informais de produtos alimentares ficado com receio de dirigir-se àquele país.

Páscoa Napoleão vendedeira de frutas no mercado Fajardo, disse ao “O País” que a situação esteve pior, mas já começa a normalizar-se.

“Por causa desses tumultos, alguns carros já não estavam a entrar, mas tivemos que viajar, não tínhamos como fazer. Viajamos para lá, só que tivemos que arranjar mercadoria já antiga para podermos preencher os carros e voltarmos”, disse.

Contudo, há quem continua com receio de ir à terra do rand adquirir mercadoria, é o caso do comerciante António Conjo.

“Nas últimas duas semanas foi difícil entrar e sair. Tivemos algumas quebras por causa da demora da saída dos carros. Agora preferimos fazer encomenda”.

Com o fim dos protestos, o presidente da associação dos “Mukheristas”, Sudecar Novela, garante que a situação está controlada e que os moçambicanos têm conseguido importar mercadorias.

“Conseguiram meter todos os produtos que lá já tinham, bem como os que cá estavam também puderam entrar como estão a movimentar até agora”.

Entretanto, os transportadores de passageiros, de Maputo para África do Sul e vice-versa, queixam-se de falta de clientes mesmo com o fim da violência, conforme refere Jonas Fumo, chefe dos transportadores internacionais no terminal da Junta.

“A situação está um pouco calma, o que não temos ainda são passageiros, as pessoas ainda têm medo de viajar”, lamentou.

Pedro Sitoe, motorista que faz a rota Maputo-Joanesburg, fala de queda da metade de suas receitas, uma vez que antes conseguia por semana cerca de 16 mil randes.

“Nove mil randes é a minha quebra. Por semana eu faço duas viagens, de Maputo, faço duas viagens da África do Sul, mas já não consigo, acho que são três viagens, só falta uma viagem para completar”.

Por sua vez, os passageiros entrevistados pelo “O País” dividem-se no tocante ao medo de viajar.

Para Francisco Matsinhe, mesmo com receio, não encontra outra saída para garantir a sua sustentabilidade. “Medo existe, mas não temos como fazer, parar é morrer, temos que sempre movimentar com qualquer coisa”, explicou.

Já Daniel Simango diz que não tem medo de viajar, uma vez ter sido tranquilizado sobre a situação actual naquele país. “Eu não tenho medo. Trabalho no restaurante onde vendem bebida e há dias atrás estavam fechados, mas já me ligaram a informar que já abriram e que posso voltar”.

Neste momento, a África do Sul procura reerguer-se da violência e destruição em algumas províncias, com destaque para Gauteng e KwaZulu-Natal.

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