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Acidentes mataram mais de oito mil pessoas nos últimos cinco anos

Moçambique registou uma média diária de oito acidentes de viação e cinco óbitos. Sexta, sábado e domingo são os dias em que se registam mais acidentes. O horário mais perigoso é das 15h00 às 21h00.

As estatísticas da Polícia de Trânsito reportam que Moçambique registou, nos últimos cinco anos, 14 054 acidentes de viação, que causaram 31 475 vítimas, das quais 8 328 óbitos, 10 388 feridos graves e 12 799 feridos ligeiros. Feitas as contas, resulta que, de 2012 a 2016, o país registou uma média diária de oito acidentes e cinco mortes.
Das 31 475 vítimas dos últimos cinco anos, 55 por cento correspondem a pessoas com idades entre 18 e 45 anos, enquanto 22 por cento foram crianças e adolescentes.

No presente ano, as autoridades já fecharam os dados de Janeiro a Setembro. Neste período, a Polícia de Trânsito registou 1 282 acidentes de viação, dos quais 592 (quase metade) ocorreram na província e cidade de Maputo. Quanto à tipologia dos acidentes, os atropelamentos continuam no topo, com 604 casos; seguidos de choques entre carros, com 286; e choques entre carros e motos, com um registo de 220. No mesmo período, 862 pessoas morreram vítimas de acidentes e 1 005 tiveram ferimentos graves.

“Os dados são assustadores”, reagiu o Presidente da República, na abertura do segundo simpósio sobre segurança rodoviária. Os números “assustam” não apenas por reportar pessoas que morreram e outras que viram as suas vidas destruídas nas estradas, mas também pelos efeitos adversos que esses acidentes causam no nosso tecido social e económico. Filipe Nyusi exigiu responsabilização e deixou claro que o país não pode continuar a assistir de forma impávida e serena a esta “calamidade pública”. “Mais do que palavras, urge responsabilizar todos aqueles que são os causadores desta desgraça”, vincou.

A responsabilização torna-se mais urgente, sobretudo porque os acidentes estão a pôr em causa um direito fundamental: a vida. “Ao prevenirmos os acidentes, estamos a preservar a vida e, ao mesmo tempo, a criar as bases para a edificação de uma sociedade mais sã, na qual todos os seus cidadãos direccionam as suas capacidades físicas e mentais para a criação da riqueza e bem-estar individual e colectivo”, disse.

Além do sangue derramado, os acidentes também causam danos no património público, sobretudo em estradas e postes de transporte de energia. Por isso, o Presidente da República fez notar que vezes há em que o governo é obrigado a desviar fundos para reparar danos causados por acidentes.   

Aliás, dados partilhados no simpósio pelas autoridades da Saúde indicam as unidades sanitárias gastam em média mil dólares em cada doente internado vítima de acidente de viação. Mais ainda: as vítimas de acidentes de viação, sobretudo os feridos graves, demandam cuidados especiais, situação que cria dificuldades nos hospitais, devido ao reduzido número de funcionários.

“Propomos a criação de um fundo co-participado pelas seguradoras e outros, para minimizar os custos que a Saúde tem com as vítimas dos acidentes”, avançou Mário Jacob, do Ministério da Saúde. O médico-cirurgião reclamou ainda da falta de resposta a casos de acidentes por parte do Serviço de Emergência Médica, instituição criada há dois anos, mas que ainda não dispõe de pessoal suficiente nem de ambulâncias para o transporte de doentes.  

Durante os nove meses do ano, as autoridades registaram 30 673 veículos e 66 287 novos condutores. Quanto à inspecção, 564 716 veículos foram inspeccionados, tendo sido reprovados 30 071.

Acidentes no mundo
Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que, anualmente, morrem 1,3 milhão de pessoas vítimas de acidentes, em todo o mundo. O número coloca os acidentes de viação como a nona principal causa de morte em todas as idades e a primeira entre jovens dos 15 a 29 anos.

A OMS considera cinco principais factores de risco para acidentes de viação, nomeadamente, condução sob efeito de álcool, excesso de velocidade, não uso de cinto de segurança, não uso de dispositivos de retenção para o transporte de crianças. Trata-se das mesmas causas dos acidentes de viação no país.

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