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Aberta central a gás que vai gerar 25% de energia consumida no Sul

Com as obras iniciadas em Novembro de 2016, foi ontem inaugurada a Central Termoeléctrica de Ciclo Combinado a Gás de Maputo, um empreendimento que visa expandir a corrente eléctrica e reforçar a qualidade de energia fornecida aos consumidores da zona sul do país.

O empreendimento foi erguido na ex-Sonefe, bairro Luís Cabral, na Cidade de Maputo, uma localização estratégica, tendo em conta o nível de consumo na capital do país e em toda a região metropolitana, que inclui Matola, um dos principais parques industriais do país. Quem inaugurou a infra-estrutura foi o Presidente da República, Filipe Nyusi, que revelou que a meta do Governo é que, até ao fim de 2018 corrente, 30.9 por cento das pessoas beneficiem de energia eléctrica.

Refira-se que, neste momento, apenas 30.1 por cento de pessoas é que tem acesso à energia eléctrica. “A energia, a par da agricultura, infra-estruturas e turismo, é uma das áreas prioritárias definidas no nosso programa de governação, no que se refere à sua expansão sustentável e melhoria da qualidade das infra-estruturas socioeconómicas para a promoção da actividade produtiva no seu todo”, disse o Presidente da República, tendo destacado a vantagem, para o meio ambiente, do uso de energia baseada no gás natural. “O uso de gás na produção de energia tem um impacto (negativo) ambiental muito menor e o ciclo combinado garante o uso mais eficiente da energia produzida”, referiu Filipe Nyusi.

Para o estadista moçambicano, há ainda desafios no fornecimento da corrente eléctrica, tendo em conta a crescente demanda. “Continua urgente a necessidade de se resolver, de facto, problemas de energia eléctrica em quantidade e qualidade para a nossa economia em franca recuperação. Nos anos em que nos encontramos, as necessidades de energia eléctrica vêm crescendo, em média, em 17 por cento. Esta central vai trazer para o mercado 25 por cento mais de energia fornecida na região sul do país”, disse.

Refira-se que a Central Térmica ontem aberta funciona com base no gás proveniente de Pande e Temane, na província de Inhambane.

Inauguração da Central Térmica consolida cooperação entre Japão e EDM

O embaixador do Japão em Moçambique foi chamado a intervir na cerimónia de inauguração da Central Térmica de Ciclo Combinado a Gás, tendo destacado que a abertura desta infra-estrutura representa o selar da cooperação entre a empresa pública Electricidade de Moçambique e governo Japonês. “Esperamos que esta central contribua para a melhoria das condições de vida do povo e promover a actividade económica de Moçambique”, referiu Toshio Ikeda, diplomata nipónico em Moçambique. Ikeda disse ter expectativas de crescimento contínuo da economia moçambicana e manifestou interesse de o seu governo continuar a contribuir para o desenvolvimento do país. “Congratulo-me pela conclusão da construção da Central Termoeléctrica de Ciclo Combinado a Gás Natural e pelo arranque da produção de energia a partir desta central”, afirmou o embaixador do Japão em Moçambique. Além do co-financiamento do Japão, a Central Térmica teve um empreiteiro também de origem japonesa.

Dívida com Japão será paga em 40 anos

Dos 180 milhões de dólares norte-americanos que foram necessários para a construção da Central Térmica de Ciclo Combinado a Gás, 167 milhões de dólares são provenientes do governo do Japão e 13 milhões de dólares do Estado moçambicano.

O presidente do Conselho de Administração (PCA) da empresa Electricidade de Moçambique (EDM) explicou que a central é o primeiro grande investimento do Governo e da EDM nos últimos 30 anos na área de infra-estruturas de produção energia eléctrica. “A Central Termoeléctrica de Maputo que hoje (ontem) inauguramos tem a capacidade de 106 megawatts. O Governo de Moçambique mobilizou junto ao governo japonês e através da Agência de Cooperação Internacional do Japão um financiamento concessional a uma taxa de juro de 0,01 por cento por ano, com um período de pagamento de 40 anos, incluindo um período de graça de 10 anos”, disse Mateus Magala, PCA da EDM, que referiu que a comparticipação da empresa que dirige é de 13 milhões de dólares norte-americanos. Os 180 milhões de dólares orçados para a construção da Central Termoeléctrica incluem a formação de quadros da EDM para a operacionalização do empreendimento. Entretanto, estão também previstos seis anos de manutenção da central, a ser feita pelo fabricante do equipamento instalado no local da infra-estrutura. “Esta central é a primeira de ciclo combinado no país, assegurando o uso mais eficiente do nosso recurso energético, o gás natural, agregando mais valor e contribuindo para a redução das emissões de carbono e a preservação do ambiente, e do desenvolvimento económico sustentável do país”, afirmou Magala, referindo que o empreendimento será operado por um grupo de 68 jovens recrutados e treinado em Moçambique e no Japão, dos quais metade são mulheres.

Refira-se que a Central Termoeléctrica de Maputo, combinada com a recente reabilitação das centrais hidroeléctricas de Mavuzi e Chicamba, contribui para o aumento da capacidade de produção de energia eléctrica da EDM em 150 por cento, passando dos 206 megawatts para 315 megawatts. “É com grande orgulho para Moçambique e para a EDM que esta central está a atingir os níveis de eficiência de queima de gás acima de 50 por cento, o que faz parte de um pequeno grupo de centrais geradores que usa a tecnologia de ponta na África Austral”, detalhou Magala.

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