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A reinvenção de um léxico musical que veste o amor para fazer da família a ostentação da vida

Por: Rudêncio Morais

 

Há uma geração de jovens que parece remar numa direcção cuja busca nutre o ser que se nos foi sendo primeiramente transmitido em livros bíblicos, uma visão “Genesiana” se assim se pode dizer para chamar a nós o livro do Gênesis: “Homem e Mulher Deus os fez”, há nesses jovens o gosto pelos laços que o amor gera e os convoca a essa vocação bíblica de fazer do amor, a família e os filhos, a sua maior “ostentação”.

Ubakka, jovem músico, que deixou de ser uma promessa cimentada nos tempos de “Sunangai”, seu primeiro álbum, é quem nos convida a vestir o corpo e a alma dessa ostentação devota a família e ao amor na sua essência e cheiro. O jovem vestiu-se das ferramentas que melhor domina, armou a sua voz, escolheu os melhores instrumentos e melodia, para bem alto gritar: “minha ostentação é minha família”, uma música que preenche os cantos que fazem Moçambique, para depois transbordar para os países que com Moçambique partilham a alma através da língua, esse português que Ubakka parece esculpir nele um novo léxico acusticamente elaborado e que se estende ao “xironga” numa transição quase que invisível pela forma como compõe e nos oferece a sua voz.

“Eu tenho carro, eu tenho casa, eu tenho terreno, eu tenho uma conta gorda lá no banco, mas o meu maior orgulho é ter família, ouvir marido até já, até já … minha ostentação é minha mulher…” percebe-se, nessa passagem, uma viagem missionária que Ubakka faz no coração das famílias, uma homilia dominical que se nos oferece de alma descalça, sendo-nos, não só uma música, mas o ecoar melódico de um sacerdote do amor que nos devolve aos tempos do Padre Zezinho e à célebre oração da família.

Há em Ubakka, e nas suas composições, um regresso ao “Ser” e a igreja missionária moldada no brilho das famílias moçambicanas. A sua música é revestida de uma teologia dos tempos e dos espaços, sendo-nos um ecoar que nos convoca a um permanente reflectir com profundidade; o amor e a instituição família vestindo-nos de Moçambique através de um ensaio melódico que parece rebuscar o pandza para um novo começo.

Abraços Ubakka

 

 

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