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3ª edição do Maputo Fast Forward arranca quinta-feira

Arranca, quinta-feira, a terceira edição do festival Maputo Fast Forward (MFF), evento que se vai realizar na em diferentes espaços da capital do país até 11 de Novembro.

O Programa da edição deste ano inclui uma Conferência Internacional, seis exposições, um ciclo de cinema, nove workshops e debates. Este evento traduz o resultado do esforço conjugado de uma extensa rede de parceiros e do trabalho colaborativo desenvolvido por múltiplos actores da comunidade cultural e criativa moçambicana.

O MFF foi lançado há três anos e é uma plataforma que pretende estimular a criatividade e a inovação em áreas como arte, cultura, tecnologia e design, promovendo um diálogo transdisciplinar e incentivar o desenvolvimento de redes colaborativas entre os diversos agentes culturais e criativos.

Um dos programas destacados na presente edição de MFF é a conferência internacional “The Future of The Future/Reiventando Narrativas de África”, marcada para quinta e sexta-feira. O objectivo da Conferência é contribuir para que a reflexão em torno das “novas narrativas”, indiferentemente da sua proveniência, seja estimulada e publicamente debatida por forma a que, também no país, o exercício criativo que “pensar o futuro” convoca, se reflicta, de modo operativo, na reformulação do presente, avança o comunicado do festival.

Vários participantes internacionais participarão do evento. São os casos de Patrícia Anahory, de Cabo Verde, arquitecta pelo Boston Architectural College e mestre em arquitetura pela Princeton University (EUA); de Indra de Lanerolle, da África do Sul, Director do Journalism and Media Lab (Joanesburgo), instituição em África a desenvolver um programa vocacionado para a incubação/aceleração de start-ups na área do jornalismo e dos media e Jeffrey Lennon, do Reino Unido, fundador e director do African Street Syle Festival (Londres). Dos moçambicanos, farão parte do MFF Rui Tenreiro, a residir actualmente na Suécia, com diploma MFA (Master in Fine Arts) em Storytelling pela Unversidade Konstfack (Suécia) e um BA (Bachelor of Arts) em Ilustração pelo Kent Institute of Art & Design (Reino Unido).

Entre as exposições para esta edição, em destaque encontra-se “Madrinhas de guerra”, Amilton Neves, que estará patente na Fortaleza de Maputo entre 12 deste mês e 30 Novembro.  A obra de Neves é um projecto que conta a história das mulheres moçambicanas que participaram no Movimento Nacional Femino de 1961-1974. Estas mulheres foram patrocinadas pelo governo Português para fornecer apoio moral aos soldados que lutavam nas linhas de frente durante a Guerra de Independência de Moçambique. Muitas destas mulheres foram recompensadas com posições influentes na sociedade e nas classes mais altas e algumas receberam até casas pelo governo Português.

Em 1974, quando a guerra da independência terminou com um acordo de cessar-fogo entre as forças moçambicanas da FRELIMO e o Governo Português, o Movimento Nacional Feminino terminou oficialmente. No entanto, essas mulheres foram condenadas ao ostracismo da sociedade pelo seu papel no apoio às forças coloniais. O projecto “Madrinhas de Guerra” reflecte este pedaço da história em Moçambique, visitando as casas das “Madrinhas de Guerra” que ainda hoje vivem em Maputo e personificam o passado da opulência vivida durante o apoio do governo português e a subsequente marginalização sentida após a independência.

Amilton Neves é um fotógrafo profissional baseado em Moçambique cujo trabalho examina questões sociais contemporâneas usando técnicas de narrativa e de documentário. Participou em cursos de formação na Escola de Fotografia Sooke no Canadá e no Nuku Studio no Gana e já expôs no Centro Cultural Franco-Moçambicano. Para além de Moçambique já expôs no Gana, em Portugal, no Brasil, na Etiópia e no Canadá.

A curadoria da exposição é Christine Cibert.

Quanto ciclo de cinema, o filme em destaque para esta edição é “Mbuzini memorial”, de  

Laurence Hamburger, a 16 de Outubro, no Centro Cultural Franco-Moçambicano. O documentário traça a história do monumento concebido pelo arquitecto moçambicano José Forjaz em Mbuzini onde se deu o acidente que vitimou o Presidente Samora Machel e 34 outras pessoas. O documentário é também uma reflexão sobre a política e a arquitectura pública no séc. XXI no continente africano. No filme, José Forjaz descreve a história conturbada que rodeou a construção do monumento.

Esta é a primeira apresentação em Moçambique deste documentário. O realizador Laurence Hamburger estará presente e participará de um debate após a projecção do filme.

O MFF é uma iniciativa da Qideia Comunicação e da GRH.

 

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